A urgente necessidade de implantação de novas tecnologias de reciclagem no Município já chama a atenção da iniciativa privada em Mogi das Cruzes. Interessados em um promissor mercado, que pode aliar sustentabilidade ambiental ao crescente segmento da construção civil, empresários mogianos começam a desenvolver projetos na área para oferecer alternativas de reaproveitamento dos resíduos produzidos pelas obras da Cidade. A proposta mais adiantada é a de construção de uma usina de beneficiamento de entulho, que está sendo erguida na região da Volta Fria e deve ficar pronta nos próximos três meses.
A família do empresário Luiz Fernando Bós Vidal iniciou o processo de licenciamento do projeto há um ano. Com toda a documentação aprovada, os empresários adquiriram o maquinário para instalação de uma usina de beneficiamento dos resíduos da construção civil. O equipamento exigiu um investimento de R$ 1,2 milhão e terá capacidade para processar 75 toneladas de entulho por hora. A obra de 50 mil metros quadrados se encontra e em fase de fundação e a expectativa é de que, em três meses, a máquina comece a operar. "O processo foi muito rápido. Não tivemos dificuldades com a licença ambiental porque se trata de um projeto de interesse público", afirmou Luiz Vidal.
O empresário explica que a usina não receberá material recolhido pelas caçambas da Cidade porque, comumente, elas possuem produtos impróprios ao beneficiamento. A intenção é trabalhar apenas com o entulho retirado de dentro de indústrias para garantir a qualidade da reciclagem. Vidal conta que já possui um amplo estoque, que será suficiente para suprir seis meses de funcionamento da usina. "Todo este material foi retirado de dentro das indústrias onde prestamos serviços de terraplanagem e demolição. O entulho será reciclado e transformado em matéria prima para obras não estruturais, como piso e calçadas", detalhou.
Um projeto semelhante poderá ser implantado no Distrito do Taboão. Pedindo para não ser identificado, outro empresário do ramo da construção civil afirmou que também tem a intenção de instalar uma usina no Município. O empreendedor disse que o projeto está em fase embrionária e que, no momento, prefere não fornecer detalhes. O secretário municipal de Desenvolvimento, Marcos Damásio, confirmou que recebeu, há 20 dias, a visita de três empresários que lhe apresentaram essa proposta. Segundo ele, os empreendedores já teriam todo o equipamento necessário e estão interessados em erguer a unidade em parceria com a Prefeitura. O secretário pediu que eles façam a entrega de um projeto técnico e, agora, aguarda a apresentação do documento.
O empresário Vinícius Peretti Guimarães, dono de uma das construtoras mogianas, também informou que possui planos de beneficiar os resíduos das obras. Ele explicou, no entanto, que sua intenção não é comercializar o material, mas apenas usá-lo para as necessidades da própria empresa. O construtor afirmou que fez pesquisas sobre o funcionamento de máquinas pequenas, que custam entre R$ 50 mil e R$ 80 mil, mas ainda não tem previsão de aquisição do equipamento. "Este seria um investimento apenas para uso interno. Uma das principais vantagens do beneficiamento é a economia, já que, com a reciclagem, haverá menos aquisição de matéria prima e custos reduzidos com descarte de entulho", disse.