Reginaldo Pupo - Especial para O Estado de S. Paulo
Veja também: Prefeitura de Ilhabela propõe transformar praias em áreas urbanas Pescadores tradicionais das praias de Castelhanos e Bonete, localizadas em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, realizaram uma manifestação na manhã deste domingo (7) durante a largada da 40ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela.
Divididos em 10 canoas e portando faixas, os pescadores e moradores das comunidades tradicionais aproveitaram a abertura da competição para protestarem contra a proposta da prefeitura de transformar as duas praias em zonas urbanas, o que permitiria a construção de casas de luxo e hotéis.
“Já estão acabando com a parte urbana e agora querem transferir os problemas para o lado mais preservado de Ilhabela?”, questionou o industrial Cláudio Teixeira, que apoiava a manifestação de ontem na abertura da Semana Internacional de Vela, a bordo de uma canoa.
Na competição, que reuniu mais de 160 veleiros, estavam presentes medalhistas olímpicos como Robert Scheidt e Bruno Prada, além dos irmãos Torben e Lars Grael. Os pescadores também circularam próximo ao centro de Ilhabela e receberam apoio de turistas que assistiam à regata. Uma lancha da Marinha afastou as canoas que chegavam muito próximas aos veleiros.
Sábado
Na noite deste sábado (6), cerca de 200 pessoas também haviam protestado contra a medida da prefeitura. Os manifestantes, a maioria jovens, ocuparam os lugares reservados ao público durante a abertura da competição de vela. Durante a execução do Hino Nacional, viraram as costas para o palco. O prefeito Antonio Colucci, que estava no local para abrir oficialmente o evento, observou os protestos. Em seguida os manifestantes bloquearam a SP-131, única via que liga a ilha de norte a sul, impedindo que turistas chegassem até o centro. Após 30 minutos sentados na pista, deixaram o local.
Arquipélago
As praias de Castelhanos e Bonete estão localizadas a leste do arquipélago de Ilhabela na parte voltada para mar aberto. O acesso a Castelhanos é feito por uma estrada de terra de 24 km de extensão, por onde somente é possível trafegar carros tracionados, enquanto no Bonete, o acesso é feito por barco ou por meio de uma trilha por onde é possível apenas a passagem de pedestres, num percurso de quatro a seis horas.
A dificuldade de acesso torna os lugares ainda pacatos, bucólicos, onde vivem apenas comunidades tradicionais de pescadores. As únicas construções existentes nos dois locais são casas simples de moradores. A reclassificação faz parte do novo mapa de zoneamento ecológico-econômico (ZEE) proposto pela prefeitura e aprovado na última semana pelo Grupo Setorial de Coordenação do Gerenciamento Costeiro do Litoral Norte (Gerco).