Uma das áreas mais bonitas de Brasília, que deveria ser vista como um patrimônio a ser defendido por todos os moradores, está ameaçada pela invasão desordenada de visitantes: o Parque Ecológico Península Sul, na QL 12 do Lago Sul. Localizado na orla do Lago Paranoá, com a entrada de serviço pela quadra conhecida como Península dos Ministros, o lugar tem recebido grande público aos fins de semana, com os consequentes problemas de estacionamento irregular, sujeira e até facilitando a ocorrência de crimes na zona residencial.
No fim de semana anterior às eleições, várias pessoas foram ao local com isopores repletos de bebida, alimentos, acompanhadas da família e dos cachorros. Segundo os moradores e frequentadores assíduos, o maior problema é o lixo deixado pela turba sem controle. “Segunda vim correr e tive que desviar de garrafinhas, sacolas. No domingo foi barra pesada”, resumiu a empresária Keila Cardoso, 50 anos, que corre na Península todos os dias.
“No sábado de manhã, se reúnem vários donos de cachorro e é insuportável o fedor. Uma vez fui correr e estava cheio de jovens fumando maconha. Começaram a perguntar sobre o meu tênis e eu rezei para que não fizessem nada”, contou Keila.
Fechamento
A solução adotada foi fazer cumprir o regulamento estabelecido pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), responsável pela administração do parque, e fechar o portão de acesso próximo à zona residencial. Assim, a porta de serviço deve ser lacrada e o acesso ao Península Sul começa a ser feito exclusivamente pela entrada principal, na Estrada Parque Dom Bosco.
A Associação de Moradores da QL 12, por meio de um porta-voz que prefere não se identificar, se manifesta favorável ao cumprimento das normas já estabelecidas para todos os parques sob o controle do Ibram. “Discutimos o assunto com a Administração do Lago Sul e com usuários e buscamos a solução de convívio mais harmônica”, disse.
Segundo a associação, o parque não será fechado, terá apenas a entrada de serviço lacrada para evitar os transtornos. “Não pedimos nada de especial, apenas que se apliquem as regras de todos os outros parques. Isso aqui virou o penico de Brasília!”, desabafou o porta-voz. “Ele não foi criado com essa finalidade (de atrair grande público)”, completou.
Para ele, o fato de não haver estacionamento pela entrada principal não justifica o uso da porta de serviço e a transformação da área residencial em estacionamento. “O parque foi feito para atender a comunidade local. Quem o criou foi a própria Associação de Moradores e existe um termo de cooperação com o Ibram”, diz.
Relatos de ameaças a seguranças
Os seguranças contratados pela Associação dos Moradores da QL 12 se disseram impotentes diante de eventuais desordeiros. Eles relatam já terem sido xingados e até ameaçados de agressões, especialmente quando advertem os visitantes sobre estacionamento.
Uma das moradoras, que preferiu não se identificar, disse ter pedido ao Departamento de Trânsito (Detran) para colocar cones em frente à residência. “Em alguns fins de semana, tinha carro bloqueando até a entrada”, relata.
Imagens
Em fotos recebidas por meio de denúncia ao JBr., é possível ver a fileira de carros estacionados desde a entrada da QL 12. No parque, lixo acumulado e espalhado ao chão também compõem o cenário de fim de semana. Segundo a moradora do local, a bagunça provocada “incomoda a vizinhança toda” e a providência imediata deveria ser a ação da polícia no local, ao menos inicialmente.
Governo
A Administração do Lago Sul informou que o parque da Península é de inteira responsabilidade do Ibram. Este, por sua vez, não respondeu, até o fechamento desta matéria, sobre a restrição de funcionamento da entrada de serviço nem sobre as medidas a serem tomadas para diminuir os transtornos e danos causados.
Saiba mais
Uma placa recém-colocada na entrada do parque anuncia o fechamento dele aos fins de semana e feriados. Os portões só ficam abertos das 6h às 14h e é proibida a entrada com animais, bebidas e alimentos. As regras estão de acordo com as normas do Ibram.