O atraso na construção de linhas de transmissão de energia impedirá que parques eólicos comecem a operar neste ano -como já ocorreu em 2012- e causará um prejuízo de cerca de cerca de R$ 600 milhões ao consumidor.
A estimativa é da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
A entidade também calcula que 70% das linhas que deveriam ser entregues em 2013 não ficarão prontas dentro do cronograma. O atraso será de 15 meses, em média.
Como as empresas responsáveis pelas usinas devem concluir as obras no prazo, elas terão direito de receber do governo mesmo sem os parques estarem operando.
No ano passado, o prejuízo foi de mais de R$ 300 milhões.
"Em 2013, deve ser o dobro", afirma a presidente da entidade, Elbia Melo.
A previsão da associação é que usinas que somam 1,1 GW fiquem paradas no ano por não terem como transmitir energia. O número é quase o dobro dos 622 MW de 2012.
A demora na construção é, segundo Elbia, decorrente de um erro de cálculo feito em 2009, quando os primeiros leilões de parques e de linhas foram realizados.
À época, concluiu-se que as as obras levariam o mesmo tempo para serem concluídas. O sistema de transmissão, no entanto, exige até um ano e meio a mais que o estimado.
"A conta foi realizada com base no setor de outros países, mas há problemas com licenças, por exemplo, que demoram mais que o previsto."
A maior responsável pelas obras das linhas é a Chesf, que venceu licitações em 2009 e 2010. Procurada, ela não respondeu até o fechamento desta edição.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) também não retornou.
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Linha própria
A empresa Bioenergy desembolsará R$ 110 milhões para construir um sistema próprio de transmissão no Maranhão, que atenderá 13 de suas eólicas.
"Vamos fazer a obra para não corrermos nenhum risco de atraso", afirma o presidente da companhia, Sérgio Marques.
Dessas 13 usinas, quatro deveriam ser instaladas no Rio Grande do Norte. Como a empresa enfrenta problemas de conexão no Estado, ela transferiu os parques para o Maranhão. Cada um deles está orçado em cerca de R$ 90 milhões.
A Bioenergy também vem tendo dificuldades com duas usinas que já estão em operação no Estado potiguar. O serviço das linhas de transmissão deles foi interrompido 36 vezes durante o ano passado.
As linhas que deveriam conectar essas eólicas já existem, porém precisam ser reforçadas para suportarem o volume de energia.
O prejuízo pelas 68 horas e 14 minutos de indisponibilidade dos parques é calculado, pela companhia, em R$ 227,6 mil.
A CPFL Renováveis é outra empresa que está com problemas no Rio Grande do Norte.
Sete usinas da companhia estão aptas a entrar em operação desde julho de 2012, mas permanecem sem injetar energia no sistema.
Assim como a Bioenergy, a CPFL Renováveis também depende de obras que são de responsabilidade da estatal Chesf.