Aposta da Prefeitura para desafogar o transporte público na Copa de 2014 na região do futuro estádio do Corinthians, o corredor de ônibus que será construído na Radial Leste deverá tirar 120 mil pessoas por dia das saturadas linhas de metrô e trem que atendem a zona leste - 3-Vermelha, 12-Safira e 11-Coral.
Estimativa da São Paulo Transporte (SPTrans) aponta que 20% dos passageiros do corredor, que deve começar a ser construído neste ano, virão da rede sobre trilhos. A expectativa é que o número de pessoas usando o corredor chegue a 600 mil por dia, levando-se em consideração a readequação viária da Avenida Aricanduva, onde terminará o trajeto inicial das faixas exclusivas.
O projeto está dividido em dois trechos. O primeiro, com 8 km e que será executado a partir deste ano, sairá do Terminal Parque D. Pedro, no centro. Serão 12 paradas, três delas ao lado de estações de metrô: Pedro II, Belém e Tatuapé. Esta etapa, que está em processo de licitação, custará R$ 150 milhões, mas o valor pode variar "de acordo com novas necessidades".
O trecho seguinte, que ainda não tem data definida para começar a ser construído, vai de Aricanduva até as imediações da Estação Corinthians-Itaquera do Metrô. As faixas dos ônibus serão construídas no canteiro central da Radial Leste. Os coletivos também terão áreas de ultrapassagem, o que implicará mais uma faixa exclusiva. A SPTrans não informou se a via perderá faixas atualmente usadas por outros veículos. O trecho final será feito em um percurso bem mais estreito da via.
Para o engenheiro e consultor de trânsito Sergio Ejzenberg, o corredor deve ser visto como uma solução paliativa. "O resultado final, ainda que positivo, não vai se traduzir em alívio definitivo da lotação. O metrô tem pelo menos três vezes mais capacidade do que os ônibus. Por que então não fazer uma segunda linha paralela à 3-Vermelha, de forma a drenar metade do fluxo da região?", questiona.
Alternativa. A superlotação das linhas de metrô e trem na zona leste faz com que os passageiros já usem os ônibus como alternativa. Essa foi a opção da professora de espanhol Daniela Cristina da Silva, de 28 anos, que mora na Cidade Tiradentes e trabalha no centro. Ela gasta cerca de 1h30 de ônibus entre seu bairro e o Terminal Parque D. Pedro. "Da última vez que peguei o trem foi na Estação Guaianases. Fiquei amarrotada dentro do vagão no horário de pico. Não pego mais", disse.
O consultor de trânsito Horácio Augusto Figueira aprova a ideia do corredor na Radial, mas defende uma solução provisória enquanto ele não ficar pronto. "Poderiam usar a faixa reversível da Radial Leste para implantar linhas expressas de ônibus."
Estudos apontam que Itaquera, Cidade Tiradentes, São Mateus, Carrão, Tatuapé, Belém e Mooca serão as principais origens das viagens do corredor e o centro, o principal destino.