Mineirão deve ser o primeiro estádio sustentável do Brasil
Foto: Sylvio Coutinho/Divulgação
Foto: Sylvio Coutinho/Divulgação
Com as mãos na massa para construir estádios monumentais, as 12 sedes brasileiras que receberão a Copa do Mundo de futebol em 2014 têm como objetivo dar um bom espetáculo em cenários esportivos respeitosos ao meio ambiente.
Por recomendações da Fifa, todos os estádios devem cumprir com exigências mínimas de sustentabilidade ambiental, como reuso da água da chuva, emprego de equipamentos que consumam menos eletricidade e limitar a geração de resíduos.
"Já não se aceitam obras de engenharia sem levar em conta a sustentabilidade ambiental", afirmou à José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato de Arquitetura e Engenharia de São Paulo (Sinaenco-SP).
Mas o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, em Belo Horizonte, quer ir além das exigências da Fifa e pretende ser o primeiro estádio brasileiro a receber a reconhecida certificação internacional "Leed" de edifício verde, concedida pelo Conselho Americano de Edifícios Verdes (US Green Building Council).
O plano ambiental do estádio, construído em 1965 e que deve ser reinaugurado no fim de 2012, inclui ações para controlar a emissão de gases causadores do efeito estufa durante a obra, através da contratação de fornecedores com instalações próximas para reduzir o transporte; a coleta de até seis milhões de litros d'água da chuva para regar o gramado e para limpeza e uso sanitário, e o reuso de resíduos.
100% do concreto retirado do edifício original foi reutilizado na própria reforma ou destinado a obras vizinhas; os 800.000 m³ de terra retirada foram destinados à recuperação de áreas degradadas por mineradoras, e os 50.000 antigos assentos foram doados para ginásios e estádios do interior do estado de Minas Gerais.
"Tudo foi reutilizado, não teve desperdício o descarte de material que poderia ser reaproveitado", afirmou Vinicius Lott, gerente do projeto Copa Sustentável do governo do estado de Minas Gerais.
Mas o carro-chefe do projeto é a geração de energia limpa com a instalação da primeira usina elétrica solar no teto de um estádio brasileiro, que abastecerá a rede elétrica local e fornecerá energia para 1500 residências.
"Tem uma cobertura ociosa, parada, recebendo radiação solar grande. Nós resolvemos colocar esse tipo de paneis fotovoltaicos, cobrir, e com isso fazer uma usina solar", explicou o engenheiro elétrico Alexandre Heringer, administrador do projeto Minas Solar 2014 da Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig).
Os mais de 6.000 painéis de silício cristalino que serão instalados terão uma potência de 1,5 megawatts (MW) por hora. Comparativamente, a hidrelétrica brasileira-paraguaia de Itaipu tem 14.000 MW de potência instalada.
A usina solar terá um custo de 12 milhões de reais (US$ 6,5 milhões), investimento que deve ser recuperado durante os 25 anos de vida útil que os painéis têm, explicou Heringer.
Já os custos operacionais da usina são "muito baratos", já que não exige manutenção e a limpeza é feita com água da chuva, acrescentou.
Como o Brasil não dispõe de fábricas de painéis solares, no próximo ano será feita uma licitação internacional para a compra das placas, um chamado que atraiu empresas alemãs, chinesas, coreanas, espanholas e italianas, afirmou o encarregado.
Após a inauguração da usina no Mineirão, os engenheiros esperam "aproveitar o máximo de tetos possíveis" de Belo Horizonte e para 2013 projetam que uma nova usina esteja funcionando no ginásio Mineirinho, e em 2014 no aeroporto internacional, afirmou Heringer.
A cidade de Belo Horizonte, a sexta maior do Brasil, com 2,5 milhões de habitantes, deve receber seis partidas do Mundial de 2014 e três da Copa das Confederações de 2013.
Durante a Copa, a capital mineira se prepara para receber mais de 100 mil turistas e os torcedores em um grande complexo de atividades ao redor do estádio, com capacidade total para 157.000 pessoas em três espaços: Mineirão, Mineirinho e uma arena multiuso, explicou Sergio Barroso, encarregado da Secretaria para a Copa (Secopa).
O total de investimentos que Minas Gerais fará para os grandes eventos esportivos seriam de pelo menos US$ 2,8 bilhões, incluindo capitais públicos e privados, acrescentou.