O Brasil é responsável pela geração de 2% do gás metano emitido no planeta, de acordo com Christopher Godlove, coordenador de projetos da Environmental Protection Agency (EPA). Apesar de este ser um gás com alto potencial energético, ele é pouco aproveitado no Brasil.
Os maiores geradores de metano do mundo são: os Estados Unidos, com 26%, e a China, com 11%. “Os aterros sanitários são a terceira maior fonte de emissão de metano”, acrescentou Godlove.
Ainda segundo o especialista da EPA, há mais de 1.100 projetos de aproveitamento de biogás de aterro sanitário no mundo, sendo que pelo menos 600 estão nos Estados Unidos. Dessas iniciativas americanas, mais de 250 visam a geração de energia elétrica, totalizando uma capacidade instalada de 1.100 MW.
Em sua participação no seminário promovido pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), Godlove salientou que, para que sejam viáveis economicamente, os projetos de recuperação de biogás contam nos Estados Unidos com mecanismos de incentivo fiscal, como o PTC (Production Tax Credit), pelo qual o governo federal concede incentivo de US$ 0,10 por kWh.
“Outros pontos que devem ser considerados para se avaliar a viabilidade de um projeto dessa natureza são a proximidade do gride, o preço da energia no mercado, as condições regulatórias e os possíveis compradores”, salientou Alfredo Nicastro, VP da MGM Innova, consultoria que desenvolveu o Atlas Brasileiro de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e Potencial Energético em conjunto com a Abrelpe.
Para o diretor executivo da entidade, Carlos Silva Filho, o governo brasileiro precisa criar programas que estimulem novas fontes de energia renovável. “Além disso, é importante que a redução de tarifas de distribuição e transmissão seja estendida a projetos com potência superior a 30 MW”, ponderou, ao enfatizar que, em razão desses fatores, a energia gerada a partir do biogás não é competitiva se comparada à eólica e à solar.
“Um de nossos objetivos ao desenvolver o Atlas é justamente municiar o governo de dados, de forma que possam avaliar possíveis incentivos para a geração de energia pelo setor de resíduos sólidos”, concluiu Silva Filho.