http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1120310-sao-paulo-precisa-de-calcadao-diz-pesquisador.shtml
As ruas de São Paulo não deveriam ser usadas exclusivamente para carros, mas também dar acesso seguro a pedestres e ciclistas. O excesso de estacionamentos e a falta de área para pedestres tornam a cidade inviável.
Essa é a análise de Michael Kodransky, 31, gerente de política urbanas do ITDP (sigla de Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento, em inglês). Kodransky defende medidas como o fechamento da Times Square, em Nova York, para carros.
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Folha - Como era a Times Square antes das mudanças?
Michael Kodransky - Pesquisas mostravam que a maioria dos que usavam o espaço era pedestre, mas a área era ocupada desproporcionalmente por veículos. A percepção é a de que a Times Square nunca tinha sido uma praça. Era um lugar pelo qual os carros passavam. Agora há um espaço público que reflete melhor o seu nome.
Qual papel os veículos privados deveriam ter na cidade?
Eles são necessários, já que permitem, por exemplo, a entrega de bens. Mas não é preciso permitir que caminhões circulem pela cidade por qualquer motivo. As ruas não têm o mesmo uso o dia inteiro, e eles podem ser equilibrados.
Aqui, o governo diminuiu impostos para carros para aquecer a economia. Como vê isso?
A cidade precisa analisar suas políticas e se há contradições. Se a melhor política é limitar o espaço para estacionamentos, não permitir que a locomoção por carro seja a mais fácil, mas se diminuem os impostos dos carros, há uma contradição.
Como avalia o sistema de transporte de São Paulo?
O espaço para pedestres poderia ser melhor. Há muitas áreas onde não se pode caminhar. É necessário um plano para que haja mais calçadões. As cidades mais bem-sucedidas dão prioridade aos pedestres. São Paulo tem também políticas muito liberais para estacionamentos, o que cria uso ineficiente do espaço. É impossível esse volume de pessoas dirigindo.
A vida do motorista deve ser dificultada?
O real custo em usar carro não é revelado. A diminuição do imposto incentiva seu uso. Mas o verdadeiro custo em dirigir é o congestionamento, o barulho, a poluição... As pessoas tomam decisões com base no que afeta diretamente seu bolso. Quando você sai de casa, pensa no que é mais conveniente. Se você tem um estacionamento no prédio onde trabalha, você provavelmente vai de carro. Especialmente se é barato dirigir.
| Cecilia Acioli/Folhapress | |
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Kodransky, 31, gerente de políticas urbanas, para quem ruas devem ser seguras para pedestres e ciclistas |