Rio+20: 2º dia é marcado por cancelamento de Lula e indefinição
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Rio+20: 2º dia é marcado por cancelamento de Lula e indefinição



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14 de junho de 2012 • 19h51 • atualizado às 22h01


Angela Chagas
Giuliander Carpes

Direto do Rio de Janeiro


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Angela Chagas
Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) chegou ao seu segundo dia com poucos avanços na conclusão do documento final do evento, que deve ser assinado por pelo menos 130 chefes de Estado na próxima semana. Alguns debates desta quinta-feira no Riocentro, no Rio de Janeiro, chegaram a se prolongar por até duas horas sem nenhum consenso em torno de uma única expressão, como a da economia verde.
Confira a programação com os principais eventos
Veja onde está ocorrendo a Rio+20
Pela manhã, veio a notícia de que o ex-presidente Lula cancelou sua participação no sábado. Ele iria abrir a programação oficial da Arena Socioambiental com participação no painel sobre Erradicação da Pobreza e Desenvolvimento Sustentável. A assessoria do ex-presidente confirmou, contudo, que Lula estará no final da conferência, que segue até 22 de junho. Outra ausência é a do presidente russo Vladimir Putin, que era um dos chefes de Estado mais aguardados, mas que também cancelou.
Quanto às negociações, em entrevista à imprensa nesta tarde, o diretor da divisão de sustentabilidade da ONU, Nikhil Seth, afirmou que não sabe ainda quando esse acordo entre as nações será alcançado. De acordo com ele, é difícil encontrar consensos porque cada país apresenta realidades diferentes e o que é bom para uma nação prejudica o desenvolvimento de outra. Segundo Seth, apenas cerca de 21% dos mais de 400 pontos do documento foram fechados.
O desejo da ONU é de que o texto com todas as propostas seja concluído amanhã, último dia de reunião do comitê preparatório. Caso isso não ocorra, caberá aos chefes de Estado, que estarão no Rio de Janeiro na próxima semana, definir as regras para promover o desenvolvimento sustentável.
O impasse ocorre porque os representantes de países ricos e em desenvolvimento não têm a mesma compreensão sobre vários aspectos mencionados no documento. As dificuldades envolvem desde o sentido distinto das expressões em cada idioma até percepções ideológicas e impactos políticos e econômicos.
Apesar das dificuldades, o negociador chefe do Brasil na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, tentou minimizar a falta de consenso entre os líderes. "Nós trabalhamos com a hipótese de que as negociações se acabarão amanhã. Caso isso não ocorra, o Brasil vai auxiliar as negociações assumindo a coordenação e buscando encontrar pontos de convergência entre as várias posições", disse o diplomata ao negar que o País possa propor mudanças no documento final após assumir a presidência da conferência, o que deve acontecer no sábado.
Embora as discussões pouco tenham avançado neste segundo dia, representantes de algumas nações demonstraram otimismo quanto aos resultados da conferência. É o caso da oficial do governo da Indonésia, Sundahiani Pratuwi, que viajou por mais de 20 horas de Jacarta até o Rio de Janeiro. "Não foi fácil para nós chegar até aqui. Não quero ir embora sem ter avançado em nada", disse enquanto aguardava uma reunião temática sobre as propostas da Rio+20.
Já um grupo de jovens de diversos países aproveitou um intervalo nas discussões para chamar a atenção para o "descompromisso" dos Estados Unidos com a pauta ambiental. Com uma bandeira americana e imitando o Tio Sam, eles criticaram o apoio que o governo dá a grandes conglomerados "poluidores". "Essas empresas que recebem dinheiro dos Estados Unidos saem pelo mundo promovendo a destruição", disse o australiano Willian Mudfond.
Pnuma
A indefinição também ocorreu na proposta de fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Alguns países, entre eles o Brasil, propõem mais poder para o órgão, possivelmente até que ele se torne uma entidade autônoma, como é hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS). A proposta é mal vista por países ricos.

Economia Verde
Embora os líderes não tenham sequer conseguido avançar na definição do termo "economia verde", um dos termos-chave da conferência, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) tentou mostrar nesta quarta que o conceito é fundamental para se promover o desenvolvimento sustentável. O órgão apresentou um relatório que mostra que a transição para a economia verde pode tirar milhões da pobreza e transformar o modo de vida de 1,3 bilhão de pessoas que ganham apenas US$ 1,25 (cerca de R$ 2,50) por dia no planeta. O relatório sustenta, no entanto, que a mudança só será possível quando apoiada por políticas fortes e investimentos dos setores público e privado.
Para os pesquisadores do Pnuma, é perda de tempo analisar os termos do conceito. "Se é economia verde, cor de rosa, laranja, não importa. O que importa é que temos uma base científica que mostra que a adoção de ações relacionadas ao conceito são capazes de promover o combate à pobreza por meio de métodos sustentáveis", defendeu Peter Hazlewood, diretor de ecossistemas e desenvolvimento do Instituto dos Recursos do Planeta (WRI).
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
Terra

  1. Índios Terena dançam em volta da bandeira do Brasil durante a abertura dos Jogos Verdes Indígenas na aldeia Kari-Oca, montada para a Rio+20

    AFP
    Foto: Antonio Scorza/AFP
  2. Kayapós esperam para participar dos Jogos Verdes Indígenas na Kari-Oca, aldeia montada no Rio para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

    AFP
    Foto: Antonio Scorza/AFP
  3. Sem poder participar da reunião de Cúpula da Rio+20, voltada exclusivamente para representantes dos países membros da ONU, a Cruz Vermelha Internacional promoveu um evento paralelo no Riocentro para denunciar os prejuízos ao desenvolvimento sustentável provocado pelas armas. A imagem mostra um projétil arremessado para dentro de uma casa na Líbia, em 2011

    Foto: Cruz Vermelha Internacional/Divulgação
  4. O ministro das Relações exteriores Antonio Patriota fez uma doação para Rio+20 para ajudar no combate a emissão de gases lançados na atmosfera com a sua viagem

    Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
  5. O cacique Raoni conversou com jornalistas durante a Rio+20

    AFP
    Foto: Christophe Simon/AFP
  6. A primeira assembleia indígena da Rio+20 teve a presença de diversos grupos na aldeia urbana Kari-Oca

    Reuters
    Foto: Ricardo Moraes/Reuters
  7. Militares fazem a guarda nos arredores do Riocentro, onde acontecem os debates da Rio+20

    AFP
    Foto: Christophe Simon/AFP
  8. A Petrobras lançou um etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Durante a Rio+20, 40 minivans circulam com esse tipo de combustível

    Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
  9. Feira de Sociobiodiversidade montada no Parque dos Atletas, durante a Rio+20, expõe frutas típicas

    Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
  10. Preparativos para a Cúpula dos Povos na manhã desta quinta, no Aterro do Flamengo. O evento é paralelo ao Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável

    Foto: Luiz Roberto Lima/Futura Press
  11. Sundahiani Pratuwi, oficial do governo da Indonésia, participa dos debates ao lado da colega Laksmi Dhewanthi (dir.)

    Foto: Angela Chagas/Terra


  12. Foto: Terra
  13. O músico Caetano Veloso se apresenta no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em evento paralelo à Rio+20

    AFP
    Foto: AFP
  14. A Coppe/UFRJ aproveitou a Rio+20 para lançar um ônibus movido a combustível limpo - sem emissão de gases poluentes. Segundo o instituto, o H2+2, movido a hidrogênio e baterias elétricas, deve estar rodando nas capitais já durante a Copa de 2014

    Foto: Coppe/UFRJ/Divulgação
  15. Público visita a mostra Humanidades 2012, no Forte de Copacabana. A exposição aborda temas discutidos durante a Rio+20

    AFP
    Foto: Ari Versiani/AFP
  16. Do lado de fora da Rio+20, o cartunista Mauricio de Sousa mostra uma revista da Turma da Mônica voltada para a educação ambiental

    AFP
    Foto: Ari Versiani/AFP
  17. Os índios Kaiapo, Xerente, Manoki e de outras tribos brasileiras acendem o "fogo sagrado" em ritual para atrair bons fluidos para a Cúpula dos Povos, atividade paralela à Rio+20. Eles estão na Kari-Oca, aldeia indígena instalada no Rio para o evento

    AFP
    Foto: Antonio Scorza/AFP
  18. Alguns pavilhões no Parque dos Atletas, que recebe alguns eventos da Rio+20, ainda estão sendo montados. Os estandes são formas de fazer propaganda de cada país, mas só os que já estão prontos conseguem aproveitar a oportunidade de se apresentar aos 50 mil representantes de delegações que passarão pelo Riocentro até o final da conferência



    Foto: Giuliander Carpes/Terra
  19. Carros 100% elétricos apresentados durante a Rio+20, no Riocentro, teve início nesta quarta-feira e segue até o dia 22 de junho

    Foto: Luiz Gomes/Futura Press
  20. Índios da tribo Paresi acampam na aldeia urbana Kari-Oca, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro

    Foto: Felipe Dana/AP
  21. Índias da tribo Guarani dançam na aldeia urbana em Jacarepaguá, onde grupos indígenas do mundo inteiro estão acampando durante a conferência

    Foto: Felipe Dana/AP
  22. A exposição faz parte das atrações da Rio+20

    AFP
    Foto: Christophe Simon/AFP
  23. Estudantes visitam uma exposição organizada no Forte de Copacabana

    AFP
    Foto: Christophe Simon/AFP
  24. Soldados do Exército ocupam as ruas próximas a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no Riocentro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. As Forças Armadas estão na cidade para dar apoio à segurança da conferência

    Foto: J. Eloy/Futura Press
  25. Um mapa do Brasil é visto na exposição da TEDxRIO+20, que acontece no Forte de Copacabana

    Foto: AP
  26. Um homem protesta contra o racismo do lado de fora do Riocentro, onde acontece a Rio+20

    Foto: AP
  27. O secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, e o embaixador e negociador-chefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado, na conferência de abertura do evento

    AFP
    Foto: AFP
  28. Delegados assistem apresentação de dança folclórica durante a inauguração do Pavilhão Brasil na Rio+20, nesta quarta, 13


    Reuters
    Foto: Sergio Moraes/Reuters
  29. A presidente Dilma Rousseff inaugurou o Pavilhão Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, na manhã de quarta-feira, 13

    Foto: Luiz Roberto Lima/Futura Press
  30. Na foto, o diretor de operações da CET-Rio, Joaquim Dinis e o secretário municipal de conservação e coordenador de operações e logística da cidade para Rio+20, Carlos Osorio

    Foto: CET-Rio/Divulgação
  31. Agentes da Centro de Operações monitoram o trânsito na capital fluminense

    Foto: Angela Chagas/Terra
  32. Motoristas enfrentam grandes retenções na Linha Amarela, principal via de ligação do centro à zona oeste, desde o acesso da Avenida Brasil

    Foto: Giuliander Carpes/Terra


  33. Foto: Terra
  34. Grupo indígena de Mato Grosso chegou em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, onde índios do mundo inteiro estarão acampados em uma aldeia urbana chamada Kari-Oca

    AFP
    Foto: AFP
  35. O cônsul japonês no RJ, Masaru Watanabe, participou da exposição interativa inaugurada pela ONU chamada 'O futuro que queremos', e cola um adesivo sobre a palavra 'tsunami', dizendo 'faremos o possível para a prevenção de desastres naturais, baseados em nossas experiências'

    EFE
    Foto: EFE
  36. Moradores caminham do lado de fora do Riocentro, onde acontece a Rio+20

    Reuters
    Foto: Reuters
  37. Alunos da escola República do Líbano, do Vidigal, fazem parte dos 'heróis do futuro' na Rio+20

    Foto: Angela Chagas/Terra
  38. Rio+20: aberto ao público, espaço Humanidade passa por reparos

    Foto: Angela Chagas/Terra
  39. Prefeito Eduardo Paes se reúne com Sha Zukang, secretário-geral da ONU para a Rio+20, e anuncia novas alterações no trânsito da cidade para o período da conferência

    Foto: Beth Santos/Divulgação


  40. Foto: Terra
  41. Um navio da Marinha brasileira faz patrulhamento na praia de Copacabana para a conferência

    Reuters
    Foto: Reuters
  42. Soldados fazem a segurança na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, devido à Rio+20, que acontece até o dia 22 de junho

    Reuters
    Foto: Reuters
  43. Eduardo Paes participou de evento no Forte de Copacabana

    Foto: Beth Santos/Divulgação
  44. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebe o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, no Palácio da Cidade, em Botafogo. No encontro, Paes e Zukang conversaram sobre as expectativas para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que começa na próxima quarta-feira, dia 13, e o apoio logístico e estrutural montada pela prefeitura para a realização da Rio+20, que reunirá mais de cem chefes de estado, dezenas de prefeitos e milhares de pessoas do mundo

    Foto: J. P. Engelbrecht/Divulgação


  45. Foto: Terra
  46. No Museu de Arte Moderna do Rio, o trabalho também está longe de terminar. A quatro dias do início da conferência, ainda é possível encontrar vários operários trabalhando para erguer estruturas temporárias abaixo de chuva

    Foto: Daniel Ramalho/Terra
  47. O centro de convenções do Riocentro, que será sede dos principais debates, sofre menos com os problemas climáticos porque tem uma área fixa muito grande. As estruturas móveis, no entanto, ainda estão sendo montadas com dificuldade

    Foto: Daniel Ramalho/Terra
  48. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva deve parar de cair no Rio de Janeiro no domingo

    Foto: Daniel Ramalho/Terra
  49. Funcionário monta sustenção de tenda na zona oeste da capital fluminense. As chuvas forçaram o adiamento em um dia da abertura do circuito expositivo Humanidade 2012

    Foto: Daniel Ramalho/Terra
  50. A chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro desde quarta-feira prejudicou os trabalhos de montagem de estruturas para os eventos paralelos da Rio+20. Na foto, uma das tendas exibe o logo da conferência

    Foto: Daniel Ramalho/Terra
Índios Terena dançam em volta da bandeira do Brasil durante a abertura dos Jogos Verdes Indígenas na aldeia Kari-Oca, montada para a Rio+20  Foto: Antonio Scorza/AFP
Índios Terena dançam em volta da bandeira do Brasil durante a abertura dos Jogos Verdes Indígenas na aldeia Kari-Oca, montada para a Rio+20

AFP
Foto: Antonio Scorza/AFP 



A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) chegou ao seu segundo dia com poucos avanços na conclusão do documento final do evento, que deve ser assinado por pelo menos 130 chefes de Estado na próxima semana. Alguns debates desta quinta-feira no Riocentro, no Rio de Janeiro, chegaram a se prolongar por até duas horas sem nenhum consenso em torno de uma única expressão, como a da economia verde.


Confira a programação com os principais eventos
Veja onde está ocorrendo a Rio+20


Pela manhã, veio a notícia de que o ex-presidente Lula cancelou sua participação no sábado. Ele iria abrir a programação oficial da Arena Socioambiental com participação no painel sobre Erradicação da Pobreza e Desenvolvimento Sustentável. A assessoria do ex-presidente confirmou, contudo, que Lula estará no final da conferência, que segue até 22 de junho. Outra ausência é a do presidente russo Vladimir Putin, que era um dos chefes de Estado mais aguardados, mas que também cancelou.
Quanto às negociações, em entrevista à imprensa nesta tarde, o diretor da divisão de sustentabilidade da ONU, Nikhil Seth, afirmou que não sabe ainda quando esse acordo entre as nações será alcançado. De acordo com ele, é difícil encontrar consensos porque cada país apresenta realidades diferentes e o que é bom para uma nação prejudica o desenvolvimento de outra. Segundo Seth, apenas cerca de 21% dos mais de 400 pontos do documento foram fechados.
O desejo da ONU é de que o texto com todas as propostas seja concluído amanhã, último dia de reunião do comitê preparatório. Caso isso não ocorra, caberá aos chefes de Estado, que estarão no Rio de Janeiro na próxima semana, definir as regras para promover o desenvolvimento sustentável.
O impasse ocorre porque os representantes de países ricos e em desenvolvimento não têm a mesma compreensão sobre vários aspectos mencionados no documento. As dificuldades envolvem desde o sentido distinto das expressões em cada idioma até percepções ideológicas e impactos políticos e econômicos.
Apesar das dificuldades, o negociador chefe do Brasil na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, tentou minimizar a falta de consenso entre os líderes. "Nós trabalhamos com a hipótese de que as negociações se acabarão amanhã. Caso isso não ocorra, o Brasil vai auxiliar as negociações assumindo a coordenação e buscando encontrar pontos de convergência entre as várias posições", disse o diplomata ao negar que o País possa propor mudanças no documento final após assumir a presidência da conferência, o que deve acontecer no sábado.
Embora as discussões pouco tenham avançado neste segundo dia, representantes de algumas nações demonstraram otimismo quanto aos resultados da conferência. É o caso da oficial do governo da Indonésia, Sundahiani Pratuwi, que viajou por mais de 20 horas de Jacarta até o Rio de Janeiro. "Não foi fácil para nós chegar até aqui. Não quero ir embora sem ter avançado em nada", disse enquanto aguardava uma reunião temática sobre as propostas da Rio+20.
Já um grupo de jovens de diversos países aproveitou um intervalo nas discussões para chamar a atenção para o "descompromisso" dos Estados Unidos com a pauta ambiental. Com uma bandeira americana e imitando o Tio Sam, eles criticaram o apoio que o governo dá a grandes conglomerados "poluidores". "Essas empresas que recebem dinheiro dos Estados Unidos saem pelo mundo promovendo a destruição", disse o australiano Willian Mudfond.


Pnuma
A indefinição também ocorreu na proposta de fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Alguns países, entre eles o Brasil, propõem mais poder para o órgão, possivelmente até que ele se torne uma entidade autônoma, como é hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS). A proposta é mal vista por países ricos.




Economia Verde
Embora os líderes não tenham sequer conseguido avançar na definição do termo "economia verde", um dos termos-chave da conferência, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) tentou mostrar nesta quarta que o conceito é fundamental para se promover o desenvolvimento sustentável. O órgão apresentou um relatório que mostra que a transição para a economia verde pode tirar milhões da pobreza e transformar o modo de vida de 1,3 bilhão de pessoas que ganham apenas US$ 1,25 (cerca de R$ 2,50) por dia no planeta. O relatório sustenta, no entanto, que a mudança só será possível quando apoiada por políticas fortes e investimentos dos setores público e privado.

Para os pesquisadores do Pnuma, é perda de tempo analisar os termos do conceito. "Se é economia verde, cor de rosa, laranja, não importa. O que importa é que temos uma base científica que mostra que a adoção de ações relacionadas ao conceito são capazes de promover o combate à pobreza por meio de métodos sustentáveis", defendeu Peter Hazlewood, diretor de ecossistemas e desenvolvimento do Instituto dos Recursos do Planeta (WRI).


Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.




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