Recomendações ambiciosas e audaciosas. Desta forma a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, classificou o relatório do Painel de Alto Nível do Secretário Geral das Nações Unidas sobre Sustentabilidade Global, lançado em português na manhã desta sexta-feira na sede do Itamaraty no Rio de Janeiro. Ao lado do secretário executivo do painel, o húngaro Janoz Pasztor e do negociador-chefe do Brasil para a Rio+20, André Correa do Lago, Izabella Teixeira disse ainda que o documento, chamado "Povos Resilientes, Planetas Resilientes" é o mais importante desde o produzido depois da Rio 92. "Pela complexidade de se chegar a um acordo com a diversidade de pessoas participantes é que torna o documento mais interessante" disse a ministra.
O relatório traz 56 recomendações para colocar em prática o desenvolvimento sustentável. Mas não apenas os governos. O documento aposta no envolvimento da iniciativa privada e da sociedade civil. Para Izabella Teixeira não vai ser preciso Esperar mais 20 anos para saber o que está acontecendo e o que precisa ser feito. "Mas não existe uma imposição de modelo, Todos, dentro de sua individualidade, tem seus direitos e seus deveres, sem um conceito estático. A única maneira de Avançar é tornar a sustentabilidade prioridade dos governos", afirmou.
O secretário-executivo do Painel, Janos Pasztor, disse que foi feito um trabalho muito duro durante um ano e meio para se chegar ao relatório. E disse que não é um documento exclusivo para ser discutido na Rio+20, que será realizada no próximo mês, mas um relatório para o futuro do mundo. "O grosso do relatório está ligado às questões econômicas, mas temos destacar algumas questões-chave, como o foco nas pessoas, em pensar em meio-ambiente, sustentabilidade e economia andando juntas e valorização da ciência", disse Pasztor.
De acordo com o relatório, o mundo avança por um lado, mas retrocede em pontos importantes. Como pontos positivos, Destaca a redução da pobreza (em 1990, 46% da população vivia em miséria absoluta, e este número caiu para 27%), o aumento da expectativa de vida. Por outro lado, aponta que a desigualdade social segue grande, apesar do incremento no PIB mundial em 75%, para o fato de mais 1,3 bilhão de pessoas ainda não terem acesso a eletricidade e que é necessário ampliar a utilização de fontes de energia renováveis por parte dos países. "O Brasil já usa mais de 80% de energia renovável, mas temos países que usam apenas 3 ou 4% e precisamos que isso seja um compromisso", disse a ministra Izabella Teixeira.
Também estão no relatório o aumento da importância da participação da mulher na mão de obra, principalmente nos países em desenvolvimento e na preocupação com a produção de alimentos. O documento aponta caminhos a longo prazo e imediatos que devem ser levados em conta pelos governantes. "Medidas simples de padrão de consumo podem dar resultado rápido, como por exemplo, abandonar o uso do carro e usar mais a bicicleta, ou usar mais carros flex", explicou a ministra, que foi uma das 22 integrantes do painel.