Mais de 760 mil m². Quase 120 mil sepulturas e 105 mil ossários. Média de 60 enterros a cada 24 horas – número que faz os outros índices aumentarem dia após dia. Convenhamos, gerenciar e administrar o Vila Formosa não é tarefa fácil. Tanto que diversos problemas estruturais podem ser encontrados durante uma visita ao local. Parte deles tem sido enfrentada pelos responsáveis diretos, os administradores Antônio Targino da Silva (Formosa I) e Roberto Batista Ferrarezi (Formosa II), mas outra parte cabe ao Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) – que garante ter projetos inovadores para a maior necrópole da capital.
Nesta gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), o Departamento de Cemitérios do setor é comandado por Frederico Jun Okabayashi, de 58 anos. Em entrevista à reportagem, o engenheiro – que antes atuava na Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) – detalhou alguns dos planos que logo devem ser colocados em prática. E todos eles têm um ponto em comum: a busca pela sustentabilidade.
“Os cemitérios são responsáveis pela segunda maior área verde da cidade. Perdem apenas para os parques. Isso tem que ser aproveitado. Nossa ideia é utilizar o Vila Formosa o máximo que pudermos, inclusive como espaço de lazer. Queremos mudar o conceito dele para deixar de ser apenas necrópole e se transformar em cemitério-parque. Já estamos implantando sistemas de compostagem, sistemas de cisternas. E inauguramos também o ossário comunitário sustentável”, disse.
Aqui vale abrir parênteses. O processo de exumação funciona assim: após três anos, os restos mortais devem ser retirados da cova e encaminhados pela família a um ossário particular (taxa de R$ 47,38 por cinco anos de locação) ou ao ossário geral (sem custo). Atualmente, a estrutura desse último consiste em uma enorme caixa enterrada no solo, onde são depositados os ossos, acondicionados em sacos.
“Como só existe esse alçapão, ele é um depósito comum. Para os trabalhadores, o manuseio é difícil e o serviço pode ser insalubre. O novo sistema é, na verdade, um contêiner marítimo que fica acima do solo. Ele tem duas portas enormes que podem auxiliar na localização dos sacos de ossos e é mais iluminado e mais ventilado. Além disso, apoiamos a estrutura em troncos de eucalipto e a envolvemos com vegetação para integrá-la à natureza”, contou Frederico. Por enquanto, o sistema começou a ser implantado no Vila Formosa e no Campo Grande.
Mais para frente, novos projetos serão iniciados, entre eles a transformação em um cemitério vertical, ainda sem data prevista, e a demarcação de uma área de preservação ambiental.
“O Vila Formosa foi construído para atender o maior número de pessoas possível, especialmente entre a população mais carente. Entendemos que ele precisa ser melhorado em termos de estética. Eu gostaria de modificá-lo todo em termos paisagísticos e aproximá-lo dos particulares. É nosso objetivo maior. Precisamos modernizar”, concluiu Frederico.