Prefeituras de SP e RJ vão pavimentar ruas com asfalto ecológico
Mundo Sustentável

Prefeituras de SP e RJ vão pavimentar ruas com asfalto ecológico


Prefeitura de SP vai pavimentar oito ruas com asfalto ecológico

Outras 44 vias serão recapeadas com recursos na ordem de R$ 19,4 mi

Fonte: http://www.seam.org.br/noticia.asp?idg=57
iG São Paulo
01/12/2010 15:18



A Prefeitura de São Paulo vai pavimentar oito ruas da cidade com asfalto ecológico a partir da primeira quinzena deste mês. As vias beneficiadas ficam nas regiões das Subprefeituras do Butantã, Freguesia/Brasilândia e São Miguel. O novo material, composto por resíduos de obras e demolições, será utilizado para asfaltar 2,6 quilômetros de extensão. O asfalto será usado em duas das camadas que compõem o pavimento.



De acordo com a Secretaria das Subprefeituras, foram investidos cerca de R$ 2 milhões no projeto. A utilização do produto pode refletir em uma economia de até 40% em relação ao asfalto já utilizado. A Prefeitura planeja usar esse tipo de asfalto em outros pontos da capital, em locais a serem definidos.



Ainda nesta semana, a prefeitura anunciou o recapeamento de 44 ruas e avenidas a partir da próxima semana. Segundo a pasta, serão destinados R$ 19,4 milhões para a recuperação de 42 km de vias. Entre elas estão as avenidas Luis Carlos Berrini, no trecho entre a Dr. Chucri Zaidan e a Bandeirantes; Brigadeiro Faria Lima, da Rebouças até Cidade Jardim; e a avenida Morumbi, da Dr. Chucri Zaidan até a Santo Amaro.


Rio faz testes com asfalto ecológico em ruas e estradas


20/12/2010

Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/noticias/rio-faz-testes-com-asfalto-ecologico-em-ruas-e-estradas
Uso do material é um teste para que os técnicos possam conhecer a forma de produzir e aplicar o revestimento

Os governos municipal e estadual do Rio estão investindo em tecnologias ecológicas para pavimentação de ruas e estradas. Na semana passada, a Secretaria Municipal de Obras aplicou um pigmento verde em um trecho de 350 m² da Estrada Dona Castorina, no Jardim Botânico. O uso do material é um teste para que os técnicos possam conhecer a forma de produzir e aplicar o revestimento, que tem como vantagem tornar o asfalto mais resistente à deformação.


A intenção da Prefeitura é empregar o asfalto colorido em ciclovias e parques. A pigmentação, que pode ser azul, verde, amarela, vermelha ou branca, é feita com temperaturas abaixo de 140ºC, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa.
O Departamento de Estradas e Rodagens do Rio (DER-RJ) também começou a reformar este ano um trecho de 35 km da RJ-122, entre Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, com asfalto borracha, que leva 20% de pó de pneus velhos. "É uma inovação brasileira", diz o presidente do DER-RJ, Henrique Ribeiro. Até março, o trecho estará pronto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.





UM CAMINHO PARA OS PNEUS INSERVÍVEIS
RODOVIAS VOLTAM A SER O DESTINO DOS PNEUS


por Mariana Conrado
Fonte: http://www.sindipneus.com.br/revistas/revista_09.pdf



Mesmo após rodar até o limite, pneus podem retornar para as vias e, o melhor, de uma maneira ambientalmente correta: como asfalto. Isso mesmo. No Brasil já existem trechos de pavimento produzido com o resíduo reciclado dos pneus velhos, o asfalto borracha. Além de amenizar um problema ecológico, por dar destino aos pneus sem condições de rodagem, o uso da borracha nas misturas asfálticas melhora a qualidade das estradas e das ruas.

Indiscutivelmente, o pneu é um elemento fundamental e insubstituível, principalmente em países onde o transporte rodoviário predomina. No Brasil, mais de 59 milhões de pneus foram produzidos em 2008, segundo levantamento da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Ainda que o tempo de sua vida útil dure cerca de sete anos, em algum momento ele será inservível.

O volume oficial dos produtos descartados não é registrado, mas sabe-se que a questão da destinação final inadequada é alarmante. Os pneus são produtos de degradação lenta e, quando abandonados em locais impróprios, oferecem riscos à saúde pública e danos ao meio ambiente, pois podem liberar substâncias tóxicas na atmosfera, transformarem-se em criadouros de mosquitos transmissores de doenças, entre outros fatores. A preocupação é evidente e a disposição dos pneus inservíveis é questionada em todo o mundo.

Entretanto, a parte boa da história é que há várias maneiras de reaproveitar os pneus e minimizar os transtornos gerados. O pesquisador, doutor em engenharia e professor universitário, Luciano Specht, acredita que a solução do problema ambiental esteja ligada ao consumo em larga escala da borracha, conjugada às diversas alternativas de uso. Dentre elas, o pesquisador destaca a aplicação de pneumáticos como fonte de energia, combustível de cimenteiras e, principalmente, como pavimento.



Asfalto ecológico


O uso dos pneus na fabricação de asfalto constitui na adição do pó de borracha da reciclagem ao material de pavimentação. Dessa mistura, compõese o asfalto borracha, também denominado como asfalto ecológico, devido às contribuições ao meio ambiente. Specht, que também é especialista em misturas asfálticas com borracha, conta que essa técnica foi desenvolvida nos Estados Unidos na década de 1950 e que ainda hoje a ideia é bem disseminada no país.

No Brasil, a primeira aplicação ocorreu em 2001, por iniciativa do convênio da concessionária de rodovias Univias com a produtora e distribuidora Greca Asfaltos e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Após pesquisas, testes e estudos de laboratório, o segmento experimental do asfalto borracha foi sobreposto em cerca de dois quilômetros da BR 116, no trecho Porto Alegre – Pelotas, no Rio Grande do Sul.

Segundo o engenheiro Paulo Ruwer, da Univias, o asfalto ecológico é composto de 20% da borracha de pneu triturada. Normalmente, para cada quilômetro de pista pavimentada com esse produto, podem ser reaproveitados cerca de 1.000 pneus de carro sem condições de rodagem. Mas, na verdade, “a quantidade de pneus para a execução de um quilômetro desse tipo de pavimentação depende de certos fatores, como a espessura da camada de asfalto e a sua largura”, explica o engenheiro.

A concessionária Rodonorte – que foi a segunda empresa a aplicar o asfalto ecológico em sua malha e a primeira a fazer isso em larga escala no Brasil –, por exemplo, utiliza cerca de 1.200 pneus inservíveis

para revestir um quilômetro de rodovia com o asfalto borracha. “As vantagens desse asfalto vão desde o aspecto ambiental até o técnico. Se não fosse a reciclagem, boa parte desses pneus poderia ser depositada em lugares inapropriados. Agora eles ajudam a construir um asfalto ecologicamente correto e de qualidade”, enfatiza o gestor de obras da Rodonorte, Elvio Torres.





Mais que benefícios ambientais



Além de colaborar com o meio ambiente, o uso de pneumáticos como agregado na fabricação de pavimento possui outras virtudes também importantes.

Uma afirmação presente em diversas análises realizadas pelos profissionais da área é: o asfalto borracha proporciona avanços para as rodovias.

O alto volume de tráfego, o excesso de carga por eixo, as temperaturas elevadas e a falta de manutenção

são ocorrências comuns nas ruas e estradas do Brasil. Essas características contribuem para que as pistas apresentem defeitos como deformação permanente nas trilhas de roda e trincamento por fadiga.

De acordo com a equipe da Greca Asfalto, em estudo publicado no início de 2009, verificou-se que o asfalto convencional nem sempre consegue atingir as expectativas projetadas para segmentos que exigem revestimentos de alto desempenho. E, para esses trechos, os técnicos apontam como alternativa o uso de misturas asfálticas especiais.

Pesquisas comprovaram que o pó da borracha possui aspectos físico-químicos que aprimoram as propriedades do ligante do asfalto, o que traz uma série de benefícios. O pesquisador Luciano Specht explica que a melhoria é por causa, principalmente, da elasticidade da borracha e da redução do envelhecimento do produto em longo prazo. O estudo da Greca registra que a pavimentação de asfalto ecológico, implantado no segmento experimental (em 2001), teve um comportamento superior, em termos de retardar a reflexão de trincas, comparado ao do revestimento construído com ligante tradicional localizado no mesmo trecho.

Os demais testes comparativos acentuam algumas das vantagens técnicas e econômicas do pavimento ecológico. A equipe da Greca ressalta que a pista revestida com asfalto borracha é mais resistente ao desgaste e ao trincamento. Em uma das pesquisas sobre a quantificação da vida útil do asfalto borracha realizada pelos parceiros conveniados (Greca, Univias e UFRGS), por meio de um simulador de tráfego, foi observado que o recapeamento em asfalto convencional estava completamente trincado após 98 mil ciclos de carga dos caminhões em eixo de 10 tf (tonelada força). Já no recapeamento com asfalto borracha, a reflexão de trincas só começou após 123 mil ciclos da mesma carga de eixo.

A conclusão dos resultados apontou que o reflexo de trincas nos revestimentos do asfalto borracha é de cinco a seis vezes mais lento do que no recapeamento em concreto asfáltico tradicional. “Resumidamente, pode-se afirmar que, a partir desses testes, a camada com borracha duraria pelo menos 25% a mais do que a convencional”, informa o pesquisador Luciano Specht.


Entre outras vantagens do produto ecológico, a equipe da Univias destaca que o asfalto borracha apresenta uma redução do nível de ruído provocado pelo atrito pneu/pavimento. E, uma vez que a composição do produto absorve as propriedades elásticas e estabilizadoras da borracha de pneu, o trecho com asfalto ecológico melhora as condições de segurança: o veículo tem mais aderência ao pavimento e freia em menos tempo, diminuindo, principalmente em dias de chuva, os riscos de derrapagem e de aquaplanagem. Em nota, a equipe conclui que o asfalto borracha apresenta maior segurança; melhor qualidade, diminuindo a frequência de restaurações e intervenções na rodovia; e ainda maior durabilidade, o que promove economia na pavimentação.



Verdade seja dita



Você deve estar se perguntando: se é ecologicamente correto e a eficiência é comprovada, o que falta para os municípios e concessionárias expandirem a aplicação do asfalto borracha nas rodovias brasileiras? Apesar das vantagens fundamentadas, o engenheiro Paulo Ruwer e o especialista Luciano Specht explicam que há barreiras que desencorajam a utilização em larga escala das misturas asfálticas modificadas com borracha. Ruwer não esconde o fato de que, para fabricar o pavimento com borracha, se gasta um teor maior de asfalto na mistura “asfalto/agregado pétróleo”, o que gera certa polêmica por esse fato não ser um aspecto ecológico. Além disso, outra questão importante é que o custo inicial de implantação do asfalto borracha é maior do que o asfalto comum.

“O preço varia de acordo com a estrutura do asfalto. A título de exemplo, para a aplicação de um quilômetro em uma pista de 7,50m de largura com uma camada de 5cm de espessura, o custo do ecológico é da ordem de R$220 mil e do convencional é de R$ 180 mil, ou seja, é cerca de 18% mais caro”, diz o engenheiro, que logo completa: “porém, tal diferença é compensada por sua maior durabilidade”.

O especialista Specht compartilha da mesma opinião: “tendo em vista a baixa manutenção que será necessária com o passar dos anos, a relação custo/ benefício do asfalto borracha é lucrativa sobre os ligantes convencionais”. Na opinião de Ruwer, o uso desse produto tem crescido no Brasil, mas se não contempla a totalidade dos investimentos em restaurações é porque certamente a comunidade técnica não ignora nenhum aspecto da questão.

Para a utilização em grandes proporções de pavimentos feitos com borracha nas rodovias brasileiras, Luciano Specht acredita que é preciso investir em equipamentos apropriados, desenvolver mais pesquisas sobre o assunto e também obter um maior incentivo dos gestores públicos. “É necessário se ter normatização dos órgãos oficiais rodoviários para que a técnica seja mais utilizada”, diz. Ele conta que nos EUA existem leis que estabelecem a utilização de um percentual mínimo de borracha reciclada na produção de misturas asfálticas. “Os estados norte-americanos, como a Flórida, Califórnia e Arizona, têm larga experiência com o uso do pavimento feito com borracha”, detalha.



Busca de incentivo


Segundo o especialista, ainda não há, no Brasil, incentivo oficial para a incorporação da borracha na composição das misturas do asfalto. Em Minas Gerais, o deputado Gustavo Valadares é autor de um projeto de lei que incentiva a fabricação do asfalto ecológico. A proposta de Valadares aproveitou ideias expostas anteriormente pelo deputado Sávio Souza Cruz. O texto prevê que o estado dê preferência à massa asfáltica produzida com borracha de pneus em desuso na recuperação de vias públicas. “O projeto já foi aprovado, em 2008, em 1º turno pelo Plenário da Assembléia Legislativa. Agora aguardamos o parecer em 2º turno da Comissão de Meio Ambiente, para que seja votado definitivamente em Plenário”, diz Gustavo Valadares.

De acordo com o deputado, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) já regulamentou parâmetros para a utilização das carcaças de pneus inservíveis como agregado na composição do asfalto, a fim de aumentar o reaproveitamento dos resíduos. Trata-se da Resolução 258, que, no entanto, se refere mesmo é à obrigação dos produtores e importadores de pneus oferecerem destino correto ao produto quando não há possibilidade para o uso veicular e nem para os processos de reforma. Para Valadares, são poucas as iniciativas para o asfalto borracha: “talvez porque o tema seja relativamente novo para o nosso país”.

Aos quase oito anos de utilização do asfalto borracha, o Brasil possui cerca de 3.000 quilômetros de rodovias recapeadas com o pavimento ecológico, segundo estimativa da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda). Em Minas, o asfalto borracha foi aplicado pela primeira vez na capital em obra concluída em 2006.

O segmento revestido foi o do corredor Boulevard Arrudas, em um trecho da linha que liga o centro de Belo Horizonte ao aeroporto de Confins (que é de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais – DER/ MG). Segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), foi pavimentado 1,42 km, com pista de 13m de cada lado, totalizando

37.000m² de aplicação. O Setop informa também que o uso do asfalto ecológico nessa obra foi uma exigência da prefeitura. Caso a lei mineira proposta por Gustavo Valadares seja sancionada pelo governador Aécio Neves, será regulada a aplicação prática do revestimento de asfalto borracha no estado. E, com mais incentivos, as empresas de todos os setores que atuam, desde a produção à aplicação do asfalto borracha, teriam benefícios na operação, na qualidade das rodovias e, ao mesmo tempo, contribuiriam com a proteção ambiental.













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