Quando o sol é muito forte, protegemos nossos olhos com óculos escuros. Por que não fazer o mesmo com a nossa casa? O excesso de incidência solar desgasta móveis, revestimentos e enfeites, pode aquecer demais alguns cômodos e, assim, torna-los desconfortáveis mesmo durante a noite. E, além das tradicionais cortinas, já há, para apartamentos e residências, uma forma de controlar melhor a entrada de calor. São as películas aplicadas sobre vidros, que equilibram a temperatura do ambiente e barram a luminosidade exagerada – mais ou menos como ocorre com seus olhos e as lentes específicas para sol.
O método faz parte da chamada arquitetura bioclimática. Consiste em planejar a construção de maneira a absorver adequadamente a luz natural e filtrar a entrada de calor excessivo, de modo a reduzir a necessidade de equipamentos de refrigeração e, portanto, garantir o conforto térmico de forma mais sustentável.
A película de proteção pode tanto reduzir o calor em abundância quanto segurá-lo no ambiente em momentos de frio. “No verão repele até 98% da energia solar, ao passo que, no inverno, retém cerca de 50% do calor. Esse sistema conserva o equilíbrio climático interno em todas as estações do ano e diminui o uso de ar-condicionado e aquecedores”, afirma Anderson Mendes Rodrigues, proprietário da Wingard, fabricante do setor sediada em Curitiba, sobre um de seus produtos, o Coolinside.
O sistema usa o vidro para filtrar a luz, mas não refrigera o ambiente — essa tarefa fica a cargo de aberturas adequadas para saída do calor. Normalmente, as janelas de arejamento ficam instaladas em partes altas da casa, porque o ar quente tende a se deslocar para cima. Quando o planejamento bioclimático é bem feito, há redução da necessidade de ar-condicionado.
Arquitetando o clima
A forma mais eficiente de obter luz natural é, já no projeto arquitetônico de uma obra ou durante a reforma, pensar a localização dos cômodos considerando a posição em relação ao sol. “O ideal é que os dormitórios estejam voltados para a face leste, que é aquela em que o sol nasce. O sol desse período atua como um ‘detergente’, isto é, é germicida e deixa o ambiente mais limpo”, sinaliza Márcio Augusto Araújo, consultor em produtos ecológicos e construção sustentável e sócio-fundador do Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (Idhea), de São Paulo.
Araújo lembra que também deve ser considerada a movimentação solar para prever seu efeito na casa ao longo do dia. Se forem instalados muitos vidros na face sul, o imóvel pode ficar frio demais, o que deixaria essa parte da casa desconfortável.
Mas o calor do imóvel não depende apenas do vidro das janelas. As esquadrias também contribuem para a temperatura. As de alumínio e de ferro esfriam mais o ambiente que molduras de madeira. Estas últimas, além disso, são mais suscetíveis a deformações por variações de umidade: podem dilatar na época de chuvas ou compactar e empenar quando expostas a muito sol.
“Para evitar isso, o ideal é sempre usar madeiras para esquadrias de alta densidade ou que sejam pouco afetadas pelas condições atmosféricas discrepantes. Dentre as madeiras brasileiras, uma das melhores é a itaúba. Dentre as exóticas, uma opção é a indiana teca”, sugere Araújo.
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