Olhando uma foto de satélite da cidade de São Paulo, percebemos rapidamente que são extremamente raras as manchas verdes dentro da malha urbana, ainda mais aquelas amplas e com poucas edificações. Um fato que chama a atenção é como a metrópole cresceu sem criar parques públicos de grande porte, que podem ser a “praia” em uma cidade sem grandes atrativos naturais. Talvez o único assim pode ser o Ibirapuera, frequentado por pessoas de todos os locais da metrópole.
Mas será o Ibirapuera suficiente para toda a população paulistana? Claro que não, precisamos de mais parques do mesmo porte no centro expandido e o problema é que os grandes terrenos praticamente desapareceram na sanha construtiva paulistana. Ao meu ver, somente dois terrenos relevantes sobraram para as futuras gerações de paulistanos: o Jockey Clube e o Aeroporto de Congonhas.
O Jockey Clube é um caso aparentemente mais fácil de se tornar parque em um futuro próximo, dado a aparente diminuição de sua utilidade nas últimas décadas e dívidas com a prefeitura – mas claro que serão inúmeras batalhas entre população, poder público e incorporadoras. Com um pouco de vontade política, pode-se passar a marginal para os seus fundos e a população ganhar o primeiro grande parque com acesso a beira do ainda morto Rio Pinheiros.
Já no aeroporto de Congonhas, ainda beira a utopia a sua desativação – mesmo estando em uma área densamente populosa – bem diferente do vazio de quando foi inaugurado. Mas certamente no futuro será incompatível sua operação, e o terreno ficará disponível para, quem sabe, se tornar outro “Ibirapuera”.
A provocação nesse post é justamente para percebermos a São Paulo que vamos querer para o futuro e nossos filhos. E não deixarmos perder a última chance de uma cidade com mais “praias” aos seus habitantes, que é o que representam essas duas áreas livres e verdes.
Ricardo Cardim