Estamos em uma das três Terras Indígenas Guarani da cidade de São Paulo. A aldeia Krukutu e Tenondé Porá são as duas comunidades existentes no extremo sul de São Paulo, no bairro de Parelheiros, na região da represa Billings. A terceira T.I. fica no Pico do Jaraguá.Nossa aldeia tem origem nas famílias que se fixaram na região de Parelheiros na década de 1950. Essa região sempre foi local de passagem para o nosso povo, os Guarani-Mbya que vinha da região das aldeias do Paraná e Rio Grande do Sul para o litoral. Nós nos fixamos nas tekoas, os lugares escolhidos pela facilidade do acesso à yvy marae'i, a Terra Sem Mal, que fica além mar. Nestes lugares é que se pode reproduzir o nhandereko, o modo de ser guarani.Em 1955, a família do Sr. Nivaldo Martins da Silva Karai Roka Ju, liderados pela sua avó D. Vitalina, que primeiro se fixou na área que é hoje a aldeia vizinha Tenonde Porã ou da Barragem.Eles vinham de Mangueirinha no Paraná e passaram algum tempo em Itariri, em Santos e Rio Silveira ( São Sebastião) e ainda retornaram por uma ano para o Paraná antes de irem morar na futura aldeia.Chegaram ali depois do convite feito por um sitiante japonês chamado Kugo Igo. Ele tinha visto a família do seu Nivaldo na Ponte do Socorro, onde tentavam vender seu artesanato. O sitiante perguntou se eles não queriam ir para a terra que tinha. Os Guarani poderiam ficar morando lá e em troca ajudariam Igo na sua plantação de mandioquinha que era vendida no Ceasa. Um tempo depois, o sitiante resolveu ir para o Japão e deixou para o pai de seu Nivaldo, Eduardo Martins da Silva, o documento que passava a terra à eles.Nessa época a região que é hoje a Aldeia Krukutu, era usada para caça e para extrair material para o artesanato e para nossas casas. Em 1975, Dorinha da Silva e seu filho Manoel Vera se fixaram na área. Manoel, ainda mora na aldeia e conta:"Quando meu pai morreu, eu tinha 13 anos e tive que fazer uma casa para colocar a minha mãe. Aí que conheci um japonês aqui na Barragem, que era Iakusa Nakamora, a gente chamava ele de Sensei. Ele veio um dia aqui pescar e disse que já que tínhamos um passado aqui, eu podia ficar com o terreno. Aí ele me ofereceu esse pedaço de terra."A primeira liderança da Aldeia Krukutu foi seu Manoel, quem o substituiu mais tarde foi o Sr. Nivaldo, posteriormente Ventura Papa, Marcos Tupã e agora Manoel Werá novamente.
Na década de 1970, mesmo com a posse da terra dada pelo Sr. Nakamura para a comunidade, nós sofremos uma série de agressões de grileiros. A regularização de nossa tekoa aconteceu em 1987, depois que os caciques Guarani do estado de São Paulo lutaram na justiça para terem suas terras reconhecidas. Quem representava a nossa aldeia, nesta época, era Manoel da Silva Werá.A luta para oficializar nossas terras começou em 1979 e contou com o apoio do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Funai e governo do estado de São Paulo, gestão do governador Franco Montoro.Em 1985, o Sr. Nivaldo, até então chefe da Tenondé Porã, veio morar aqui na Krukutu e com ele chegaram também novas famílias que vinham de Palmeirinha, no Paraná.
Fale conosco www.culturaguarani.org.br - Todos os direitos reservados . Estrada do Curucutu, S/N - Telefone:(0xx11) 59770025 – São Paulo/SP Exibição de documentários e debate Dia 16 de julho, sábado, às 15h, na UMAPAZ (Não é preciso se inscrever. Pede-se chegar com 15 minutos de antecedência) No próximo dia 16 de julho, sábado, às 15h, a Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) exibe dois documentários: Mbaraka – A Palavra que Age e À Sombra de um Delírio Verde, sobre os guaranis-kaiowás do Mato Grosso e promove um debate com os idealizadores, uma advogada de direitos indígenas e uma liderança guarani M’Bya da Aldeia Tenondé Porã, Parelheiros, zona sul de São Paulo. O evento faz parte do trabalho de conclusão de curso de Rony Cácio Feitosa da Silva, aluno do Curso Carta da Terra em Ação, que acontece na UMAPAZ. Tem como objetivo focar na sensibilização da população paulista, maior consumidora de etanol do Brasil e promover um debate sobre a luta do maior grupo indígena do país, contra a expansão da cana. Conforme o princípio de justiça social e econômica, afirmar os direitos dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como as suas práticas relacionadas com condições de vida sustentável, proposto na carta da terra. Sinopses dos documentários: Mbaraka – A Palavra que Age (26' - 2011) - De Spensy Pimentel, Edgar Cunha e Gianni Puzzo Os cantos dos xamãs guarani-kaiowa são fórmulas verbais que têm uma ação sobre o mundo. Tradicionalmente, eles curam doenças, afastam pragas da lavoura e bichos peçonhentos, anunciam a chegada dos deuses. Eles não só preveem o futuro, mas o conformam. Hoje, esses indígenas vivem em seu mundo uma crise sem precedentes. Confinados em pequenas porções de terra e com os recursos naturais da região onde residem totalmente degradados, eles se veem diante de um impasse: será que suas palavras conseguirão conformar um mundo novo que reverta a crise cosmoecológica por que passam atualmente? Se a palavra pode ser história, mito e narrativa, entre os Guarani-Kaiowá ela também é poesia e profecia: um canto de esperança em um futuro melhor. À Sombra de um Delírio Verde (29' - 2011) - De Cristiano Navarro, An Baccaert e Nicolas Muñoz Na região sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, a etnia indígena com a maior população no Brasil luta silenciosamente por seu território para tentar conter o avanço de poderosos inimigos. Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, em acordo com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto. Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e escravo. Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros. SERVIÇO: EXIBIÇÃO DE DOCUMENTÁRIOSSOBRE OS GUARANIS-KAIOWÁS DO MATO GROSSO E DEBATE. Data: 16 de julho (sábado), das 15h às 17h. TEMA: GUARANIS: ENTRE A ETNIA E O ETANOL Participação dos idealizadores dos documentários, advogado de direitos indígenas e liderança Guarani M´Byá da Aldeia Tenondé Porã de Parelheiros, zona Sul de S. Paulo. TCC DE: Rony Cácio Feitosa da Silva - Carta da Terra em Ação/2011/Turma 5. ORIENTADOR: André Luiz Moura de Alcântara. LOCAL: UMAPAZ – Av. Quarto Centenário, 1268-portão 7 -A Informações: tel.(11) 5572-1004 NÃO É NECESSARIO SE INSCREVER. PEDE-SE CHEGAR COM 15 MINUTOS DE ANTECEDÊNCIA | |