Aterramento é uma ligação intencional do sistema elétrico de uma edificação com a terra. Sua principal função é proteger os usuários contra choques elétricos, evitando sobretensões eventuais no momento de manobra de circuitos elétricos e na ocorrência de descargas atmosféricas, como relâmpagos. Não se trata de uma instalação complexa. No entanto, alguns erros costumam ocorrer com certa freqüência durante a execução, o que, apesar de facilitar o trabalho dos instaladores em alguns casos, pode comprometer seriamente a eficiência do recurso de segurança. Dentre os erros mais comuns, estão o subdimensionamento do condutor terra e o uso de haste cobreadas com medidas inferiores a 2,40 m de comprimento. Além desses cuidados, é preciso garantir a continuidade de todos os pontos aterrados, o que envolve uma execução bastante cuidadosa das conexões.
Durante o momento da instalação em si, é muito importante evitar bater diretamente com a marreta sobre a haste cobreada durante sua fixação. O uso dessa ferramenta de impacto sem o auxílio de um caibro danificará a cabeça da haste, impedindo a colocação do conector ou a sua substituição. "Também provocará a retirada da camada de cobre que reveste a haste. Com o tempo, a remoção dessa superfície pode levar à oxidação e prejudicar a conexão com os cabos", lembra Osmar de Souza, instrutor de eletricidade da Escola Orlando Lavieiro Ferraiuolo, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
A análise do tipo de solo onde será fixada essa haste também é fundamental para o perfeito funcionamento da instalação do aterramento. O ideal é que ele seja capaz de receber a descarga elétrica proveniente do circuito. "Solos rochosos, por exemplo, oferecem elevada resistividade e exigem tratamento químico para garantir que cumpram essa função. Já solos com baixa resistividade, naturalmente mais úmidos, permitem melhor dissipação da corrente elétrica", explica o instrutor do Senai.
Por fim, vale lembrar que o condutor de proteção nas cores verde-amarela ou verde deve ser instalado de acordo com a NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Já as tomadas de corrente fixas das instalações devem atender à norma brasileira NBR 14136 - Plugues e Tomadas para Uso Doméstico - Padronização. Ou seja, devem contar com conectores para dois pólos, mais um para o aterramento. Nesse caso, o pólo central é destinado para essa finalidade.
Agora, confira nas próximas páginas como não errar ao executar o aterramento elétrico de uma residência.
EPIs E FERRAMENTAS
Caixa de inspeção própria para aterramento, haste de cobre de 2,40 m de comprimento, condutor na cor verde-amarela ou verde, eletroduto plástico rígido, balde com água, um pedaço de caibro, marreta, chave de boca, canivete, colher de pedreiro, cavadeira, brita. Você também precisará de luvas, óculos e capacete.
FIXAÇÃO
Conectores do tipo cabo-haste ou do tipo grampo e terminal à pressão.
Passo 1
Com a colher de pedreiro, limpe a vala por onde passará o eletroduto plástico. A finalidade desse procedimento é retirar o excesso de pedras e sujeira grossa.
Passo 2
Inicie a escavação da vala, seguindo o diâmetro e a profundidade necessários para o encaixe da caixa de inspeção de aterramento.
Passo 3
Em seguida, posicione a caixa de inspeção no solo. As caixas de inspeção de aterramento podem ser de fibrocimento ou de PVC.
ATENÇÃO
A entrada do eletroduto deve estar alinhada com a entrada da caixa, localizada a 2/3 da sua altura a partir do solo.
Passo 4
A fixação do eletroduto de plástico rígido na caixa de inspeção é feita com o uso do conector cabo-haste. Mas atenção, pois os conectores do tipo cabo-haste devem ser usados para condutores de secção até 35 mm².
Passo 5
Insira o eletroduto e rosqueie pelo lado de dentro até que o conjunto fique fixo no local. Para garantir a estanqueidade e o nível de isolamento do conjunto, é imprescindível utilizar eletroduto de PVC (rígido) e não o do tipo conduíte (flexível).
Passo 6
Preencha os espaços entre a vala e a caixa de inspeção com terra. Isso vai ajudar a deixá-la totalmente firme e encaixada no chão.
Passo 7
Aplique água na caixa de inspeção para facilitar a penetração da haste cobreada no solo.
Passo 8
Utilizando a força necessária, exerça pressão para cravar a haste cobreada no centro do diâmetro da caixa de inspeção.
Passo 9
Retire a haste, umedeça novamente o solo e repita o passo anterior até conseguir introduzi-la quase por completo no solo.
Passo 10
Com o auxílio de um pedaço de caibro e uma marreta, finalize a etapa de aplicação da haste.
ATENÇÃO!
A haste deverá ser fixada até a metade da altura da caixa de inspeção.
Passo 11
Transpasse o condutor de aterramento (fio terra) pelo eletroduto até a caixa de inspeção.
Passo 12
Com o auxílio de um canivete, desencape o fio do condutor. Jamais retire as veias condutoras do cabo com a intenção de facilitar a conexão junto à haste de cobre. Além de comprometer a dissipação das correntes de fuga pelo aumento da resistência de contato, esse descuido provocaria a diminuição da resistência mecânica da conexão.
Passo 13
Utilizando a chave de boca, faça a conexão do condutor à haste.
DICA
Aperte o conector até sentir que a conexão está travada, evitando que a rosca do parafuso espane.
Passo 14
Puxe o condutor para certificar-se de que está preso e seguro na haste de cobre.
Passo 15
Depois de aterrar a vala por onde passa o eletroduto, preencha a caixa de inspeção com brita até uma altura onde ainda seja possível visualizar o conector, ou seja, aproximadamente a 5 cm abaixo do condutor. O uso da brita evita que alguém inadvertidamente jogue concreto dentro da caixa, tornando o acesso ao conector e à haste impossíveis. Além disso, ajuda a manter a umidade do solo próximo à haste.
Passo 16
No quadro de distribuição, faça a conexão do condutor de proteção no barramento de terra. Desse ponto, sairão os demais fios terra, que serão conectados aos pontos de eletricidade distribuídos pela residência.
Passo 17
Com o auxílio da chave de fenda, finalize o serviço conectando o fio terra no terminal de terra das tomadas e soquetes. Atenção, pois as conexões estão dentre os pontos mais importantes do sistema de aterramento.
Apoio técnico: Osmar de Souza, instrutor de eletricidade da Escola Orlando Laviero Ferraiuolo, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
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