Um empresário de Betim (MG) propôs ao governo legalizar a venda de insetos como fonte de proteína para humanos. Segundo Luiz Otávio Pôssas Gonçalves, dono da empresa Nutrinsecta, a criação de insetos é mais produtiva que a de bovinos e gera menos impacto ambiental.
O pedido de registro de "estabelecimento produtor de insetos para consumo humano" chegou ao Ministério da Agricultura em abril. O governo estuda a entomofagia (prática de comer insetos) e não tem data para responder. Mas, apesar de alegar que se trata de tema controverso, a pasta pediu indicação bibliográfica ao produtor, por acreditar que ele ainda será muito estudado. "O Brasil tem uma biodiversidade extraordinária e uma sugestão como essa pode surgir, mas não temos visão sobre esse tema para o futuro", disse o ministro Wagner Rossi.
Há três anos, especialistas se reuniram na Tailândia para discutir como explorar o potencial nutricional e comercial das cerca de 1,4 mil espécies de insetos que as pessoas comem ao redor do mundo. O evento, organizado pela Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês), identificou que a África (36 países), a Ásia (29 países) e a América (23 países) são os lugares onde esses bichos são mais apreciados.
Na opinião de Gonçalves, é o preconceito que impede o uso de insetos como ingrediente alimentício. "Quando era criança e ouvia falar que os japoneses comiam peixe cru, achava muito esquisito", exemplifica. "Amanhã ou depois estará todo mundo comendo sua baratinha", brincou.