Moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, aprenderam uma técnica de baixo custo para obter e conservar água potável. Representantes da Articulação do Semi-Árido (ASA) estiveram esta semana no Rio para implementar um sistema de captação de água no maior conjunto de favelas da cidade.
As duas primeiras cisternas foram instaladas na sede da ONG Verdejar, organização que desenvolve projetos de recuperação ambiental e em agroecologia urbana. "Nós sonhamos com as ecofavelas", disse o coordenador da Verdejar, Edson Loiola, inspirado no movimento de criação de cidades sustentáveis, como as ecovilas.
A iniciativa será apresentada na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, que começa dia 15, no Aterro do Flamengo. Os métodos de baixo custo para consumo de água potável e cultivo de alimentos são alguns dos 219 projetos que serão apresentados no Territórios do Futuro, espaço de divulgação de iniciativas de sucesso na área ambiental, organizado pela Cúpula.
"Nossa presença será para deixar um legado na comunidade do Alemão", disse Procópio Lucena, representante da coordenação da ASA.
A entidade constrói dois tipos de cisterna: a menor delas tem capacidade para estocar 16 mil litros de água, captada dos telhados das casas, e serve para o consumo humano, incluindo a higiene bucal e o cozimento de alimentos. Ela garante o fornecimento de água para uma família de cinco pessoas por nove meses - justamente o período sem chuvas no Nordeste.
A outra, com capacidade de armazenamento de 52 mil litros, retira a água da chuva que cai no solo e é destinada à criação de quintais produtivos, para cultivo de alimentos e hortaliças. Os custos das cisternas para implantação comercial giram em torno de R$ 2mil e R$ 7mil.
Nesses dez anos de funcionamento do projeto, a ASA já produziu mais de 400 mil cisternas, em 1.150 municípios do semiárido espalhados por dez Estados brasileiros.