Rio - Pelo menos em termos de sustentabilidade e respeito ao Meio Ambiente, os cariocas terão sucesso se conseguirem fazer das Olimpíadas de 2016 um evento “para inglês ver”. Desde o início de seu planejamento, em 2003, os Jogos Olímpicos de Londres, deste ano, tiveram como meta causar o mínimo de impacto possível na natureza e, se possível, recuperar áreas com o solo degradado.
Os organizadores das Olimpíadas de Londres, que começam dia 27 de julho, fizeram questão de usar os jogos como instrumento para o plano de desenvolvimento sustentável da cidade até 2050. Para isso, tiveram como estratégia reciclar água e material usados em construções; só erguer instalações que pudessem ser usadas pela cidade depois; e aproveitar estruturas já construídas. Um estádio novo de natação, por exemplo, terá 15 mil de seus 17,5 mil lugares desmontados após o término dos jogos, porque a cidade não vai utilizá-los no futuro. Redução semelhante acontecerá numa arena de basquete.
Foto: Arte O Dia
A maioria dos novos empreendimentos — inclusive o estádio principal do evento — foi construída no Lower Lea Valley, na Zona Leste de Londres, num local onde havia um lixão a céu aberto, além de solo e rios contaminados por produtos químicos e um ferro velho. Na região, do tamanho da cidade italiana de Veneza, foi construído grande parque e uma hidrovia de 8 km de extensão.
Outro foco foram os transportes: fora atletas e pessoas com deficiências físicas, ninguém vai a nenhum local de competição de carro. De fato, o Estádio Olímpico não tem nem estacionamento.
Segundo o diretor de sustentabilidade e regeneração urbana dos Jogos de Londres 2012, Dan Epstein, apesar dos esforços, não foi possível anular todas as emissões de gases do efeito estufa: “Fizemos as Olimpíadas mais sustentáveis e, mesmo assim, depois do fim do evento, haverá o que continuar melhorando no projeto”, disse.
Fica a lição, então, para os organizadores das Olimpíadas do Rio, que têm pelo menos 24 projetos na área de Meio Ambiente, entre eles as mudanças no sistema de transporte da cidade, a despoluição da Lagoa de Jacarepaguá e o reflorestamento de algumas áreas.
5 minutos com: Dan Epstein, diretor dos Jogos de Londres
Homem forte da sustentabilidade das Olimpíadas de Londres, Dan Epstein esteve no Brasil no final de janeiro. Ele falou com O DIA sobre o legado que os jogos deixarão na capital inglesa.
1. Quando veio a ideia de construir o Parque Olímpico numa área degradada ambientalmente?
— Em 2003. Já estávamos pensando em revitalizar a questão ambiental ali. Havia indústrias pesadas, que foram desativadas. Em 2 anos e meio, 2 milhões de toneladas de material foram retiradas e usamos um sistema de limpeza novo.
2. Vocês estão na reta final. Conseguiram fazer tudo o que era possível e necessário em termos de preservação do Meio Ambiente e sustentabilidade?
Hoje, você pode fazer mais na economia de energia, carbono. Não se pode ver o projeto apenas como um projeto de sete anos. Há sempre oportunidades de melhorá-lo no futuro.
3. Quando as pessoas falam que Londres terá os jogos mais verdes da história, quer dizer que todas as emissões de carbono serão canceladas?
Não vão ser os mais verdes, vão ser os mais sustentáveis. Serão combinadas preocupações com o social, o econômico e o Meio Ambiente. Conseguimos reduzir a “pegada” de carbono de uma previsão inicial de 2,8 milhões de toneladas para 20% a menos com técnicas de construção, por exemplo.