http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1260191-coreia-do-norte-ameaca-transformar-japao-em-um-campo-de-batalha.shtml
A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado.
Em um editorial publicado hoje pelo jornal "Rodong Sinmundo", pertencente ao partido único norte-coreano, o regime também ameaça causar a "destruição" do Japão se esse país agir politicamente contra a Coreia do Norte, em um momento de elevada tensão na península pelas contínuas ameaças bélicas norte-coreanas.
"O Japão está perto do nosso território e, portanto, não poderá fugir dos nossos ataques", detalha o editorial, que cita cinco cidades japonesas, nas quais se encontra um terço dos 127 milhões de japoneses, como possíveis alvos militares.
O editorial norte-coreano denuncia que o Japão posicionou vários contingentes militares na costa em frente ao país comunista, e promete que "se houver um ato de guerra, todo o território do arquipélago japonês se transformará em um campo de batalha".
Pyongyang também reitera sua ameaça contra as bases militares dos EUA em território japonês: "o Exército da Coreia do Norte é absolutamente capaz de fazer saltar pelos ares as bases militares não só no Japão como em outras áreas da região Ásia-Pacífico".
"O atual regime japonês está optando pelo risco militar, intensificando sua política hostil à Coreia do Norte, em linha com a política dura dos EUA de reprimir com a força das armas", assinala o editorial.
A Coreia do Norte, cujo isolamento é cada vez mais pronunciado, conta com Rússia e China como praticamente seus únicos aliados, sobretudo no aspecto econômico, embora se desconheça a capacidade das duas potências para frear as intenções do regime de Kim Jong-un.
Fontes militares acreditam que a Coreia do Norte pode realizar a qualquer momento um teste de mísseis de alcance intermediário, o que elevou o estado de alerta do comando conjunto das forças sul-coreanas e americanas e fez o Japão desdobrar no centro de Tóquio sistemas antimísseis terra-ar.
Esses sistemas instalados na capital serviriam para derrubar projéteis no caso de um hipotético ataque escapar dos destróieres que o Japão tem localizados no Mar do Japão.
Segundo imagens tomadas nos últimos dias, acredita-se que Pyongyang transferiu para plataformas de lançamento móveis em sua costa oriental mísseis com um alcance estimado entre 3 mil e 4 mil quilômetros.
MEDIAÇÃO
Também nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Yun Byung-se, informou que pediu a mediação de Rússia e China para convencer a Coreia do Norte a pôr fim a suas provocações militares, em um momento de elevada tensão na península.
"Através de uma estreita colaboração com a Rússia e a China, o Governo sul-coreano continua realizando esforços para persuadir a Coreia do Norte a mudar sua atitude", detalhou Yun durante um comitê parlamentar, em declarações divulgadas pela agência Yonhap.
Além disso, Yun disse que a comunidade internacional está unida "de maneira coerente e decidida frente às ameaças e provocações, aos testes nucleares e ao lançamento de mísseis" de Pyongyang.
FRONTEIRAS
Mais cedo, a China anunciou a proibição da passagem de turistas pelo posto de fronteira de Dandong, que dá acesso à Coreia do Norte
"As agências de viagens não estão mais autorizadas a operar por aqui. O governo norte-coreano está exigindo a saída dos estrangeiros", informou um funcionário local, acrescentando que o trânsito comercial permanece.
"Pelo que sei, os empresários ainda podem entrar e sair livremente da Coreia do Norte", disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.
Um responsável por uma agência de viagens em Dandong disse à agência AFP que a decisão partiu da Coreia do Norte.
Na terça-feira, às "9 da noite, recebemos um comunicado do bureau de turismo (chinês) nos informando que devido a situação tensa em Pyongyang as agências de viagem de Dandong não estavam mais autorizadas a levar grupos à Coreia do Norte".
"Estou absolutamente seguro de que foi uma decisão da Coreia do Norte", disse o responsável, acrescentando que funcionários do bureau de turismo confirmaram isto.