O parque municipal Passeio do Bindá, no conjunto Eldorado, no bairro Parque 10, Zona Centro-Sul, está abandonado e funcionado como “fumodrómo”, segundo afirmam moradores da área.
O parque é um dos três criados na gestão do ex-prefeito Serafim Correa e possui grande potencial ecológico e para a prática de atividades físicas. Contudo, apesar da importância dele como fragmento florestal urbano, o que se vê no local é a prova do esquecimento, falta de atenção do poder público, e o risco constante de assaltos.
O parque está localizado entre as avenidas Mário Ypiranga Monteiro e Djalma Batista e desde a gestão Serafim Correa não recebe atenção da Prefeitura de Manaus, conforme os moradores. O próprio igarapé do Bindá, que é um dos afluentes do igarapé dos Franceses, cai no Mindu e sai pelo São Raimundo no rio Negro, nunca recebeu atenção e só tem piorado com o lixo e poluição.
As lixeiras que ainda existem estão quebradas e o calçamento em blocos de concreto está deteriorado dificultando a caminhada de pedestres em alguns trechos. Os bancos que existem ao longo do acesso de caminhada estão pichados e o mato toma conta de parte do calçamento. Também há trechos com acumulo de lixo e esgoto entupido com água parada.
Os poucos postes de iluminação que estão de pé não funcionam e a ferrugem na estrutura evidencia a falta de manutenção. Os brinquedos do playground estão quebrados e inutilizáveis. Eles também mostram as marcas do tempo e do abandono. Os relatos indicam que o parque só não está em piores condições devido à iniciativa de poucos moradores que se unem e esporadicamente e fazem uma limpeza retirando, pelo menos, parte da folhagem que fica no chão.
Insegurança
Além do aspecto estrutural, o item de maior reclamação de quem mora ou passa pelo local é a insegurança. Para os moradores, a mesma sensação de medo que se tornou comum, em 2010, no Passeio do Bindá, continua presente na atualidade. Naquele ano, o local se tornou conhecido em toda a cidade por ser usado pelo criminoso conhecido como o “estuprador do Eldorado”, nos ataques as suas vítimas. Após a prisão do criminoso, moradores dizem que os estupros pararam, mas os assaltos no local continuam. O último foi semana passada a uma jovem que saiu da avenida Djalma Batista e seguia para a Mário Ypiranga Monteiro. Ela foi surpreendida por um homem que saiu do mato e levou a bolsa com os documentos e celular dela.
Mesmo com a falta de segurança, ainda há quem utilize o parque no final da tarde para a prática da caminhada. No entanto, a atividade física é realizada apenas até as 17h quando começa a escurecer.
Estudante assaltada duas vezes
A universitária Mayara Mendes, 19, utiliza o Parque Municipal Passeio do Bindá todos os dias como acesso para a avenida Mário Ypiranga Monteiro e foi assaltada duas vezes no local.
Ela sempre desce no ponto de ônibus da avenida Djalma Batista, na entrada do parque, e atravessa o Bindá para pegar outro ônibus na avenida Mário Ypiranga Monteiro, mas diz que faz o trajeto com medo de ser novamente assaltada. Na primeira vez, o assaltante levou o celular dela e na segunda ela conseguiu segurar a própria bolsa e correr.
“Falta segurança. Se um bandido estiver escondido no mato e quiser abusar de alguém não vai ter ninguém para impedir. No tempo que passo pelo parque nunca vi um policial. Essa área tinha tudo para ser um local para o lazer da família, mas infelizmente o que vemos em Manaus é entrar um prefeito com uma cabeça e quando entra outro não continua os projetos que ficaram. Quem sofre é o povo e não acredito que a prefeitura não conheça os parques da cidade e que não saiba como é a situação de abandono no Bindá”, disse.
Apesar do abandono do parque, a quadra poliesportiva Luciano Soares de Souza continua em bom estado, comparada às demais estruturas do local.
A quadra é usada em um projeto de ginástica rítmica. Porém, a praça que fica em frente à quadra, e na direção de outra praça, a do Caranguejo, no Eldorado, também está à espera de manutenção.
Semmas
Sobre os problemas do Bindá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade informa que não há decreto municipal oficializando a criação do parque. “Trata-se de espaço verde revitalizado, às margens do igarapé do Bindá. Os moradores podem solicitar a realização de ações de manutenção e limpeza junto à Semulsp, plantio de mudas e paisagismo junto à Semmas, reparos na iluminação à empresa Manaus Luz, enfim é uma área de convivência comunitária, responsabilidade de todos os cidadãos. Recentemente, a Semmas recebeu solicitação de moradores para a formulação de parceria no sentido de promover ações de educação ambiental e conservação da natureza, despertando nos comunitários o papel que cada um tem nesse contexto”, diz a Semmas.