A grande massa de ar seco que paira sobre São Paulo e parte do Brasil faz bem mais que agravar a poluição atmosférica nas grandes cidades. A estiagem resseca a vegetação e cria condições ideais para a proliferação de queimadas.
Só nos últimos dois dias, cerca de 2.400 focos de incêndio foram detectados no país por satélites. Até o início deste mês, registraram-se cerca de 44 mil ocorrências. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê que 2012 terá mais queimadas que 2011 e 2010.
Raramente os incêndios são naturais. Mais comum é a queima intencional --para livrar pastos de pragas-- sair do controle e alcançar matas. Isso quando o fogo não é usado para limpar áreas desmatadas, como sempre fizeram os índios (daí a prática ser chamada também de "coivara", do tupi).
Entre os Estados campeões estão Maranhão, Mato Grosso e Pará. O bioma mais afetado é o cerrado (55% dos focos), onde muitas árvores são resistentes ao fogo.
Preocupa, contudo, a situação do Pantanal. Há quase dois meses sem chuvas, a região vive uma explosão de casos: só nas duas primeiras semanas de agosto, foram mais de 1.100 registros.
Outro dado alarmante é a invasão de unidades de conservação pelas chamas. De um total de 1.570 áreas, como parques nacionais, 210 já foram afetadas.
Dois outros fatores contribuirão para aumentar o risco futuro de incêndios: os sinais de que 2012 poderá ser um ano de El Niño, fenômeno climático que provoca secas no Nordeste e na Amazônia, e a disparada de preços internacionais da soja, que incentiva fazendeiros a abrir novas áreas.
Isso para não falar do continuado impasse sobre o novo Código Florestal no Congresso.
Após sete anos de contenção das taxas de desmate, as queimadas sugerem que a temporada 2012/13 ameaça reverter essa conquista.