O repatriamento, mesmo que digital, de espécies da flora nativa levadas ao exterior nos últimos 300 anos permitirá a cientistas estudar vegetais praticamente desaparecidos das matas.
As amostras integram os acervos de instituições científicas de renome global, como o Museu Nacional de História Natural, de Paris, e o Kew Gardens, de Londres. Elas foram para a Europa na bagagem de integrantes de missões estrangeiras que percorreram o Brasil entre os séculos 17 e 20.
O cálculo de integrantes do programa Plantas do Brasil: Resgate Histórico e Herbário Virtual para Conhecimento e Conservação da Flora Brasileira - Reflora é que, só nas coleções dos herbários dos museus parisienses e londrinos, há cerca de 540 mil amostras de exemplares da flora brasileira, cientificamente chamadas de exsicatas.
Criado em 2010 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o programa prevê investimentos de R$ 21 milhões. O dinheiro virá de agências de fomento federais e estaduais, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e de empresas privadas, como a mineradora Vale e a Natura.
As informações dos acervos europeus serão incorporadas - em até três anos - ao herbário virtual do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que tem cerca de 44 mil registros de espécies. As primeiras já poderão ser consultadas a partir do meio deste ano.
Segundo o diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, trazer as imagens ao Brasil, além de enriquecer e dinamizar o herbário do Jardim Botânico, estimulará a pesquisa, já que os estudiosos hoje não têm acesso a imagens de plantas que quase não são encontradas mais no País. "Outra ideia é conhecer como era nossa biodiversidade antes da perda de vegetação de áreas degradadas", disse Beirão.