Uma rede de hospitais "saudáveis e verdes" está sendo construída no Brasil. Iniciativa da organização internacional First Care Without Harm (Saúde sem Dano), a ideia é reunir as instituições que se comprometem a tratar resíduos, reduzir consumo de água e energia, substituir substâncias químicas perigosas e construir prédios sustentáveis, entre outras ações.
Veja também: Ambientalistas pedem proteção marinha no País Brasil não tem acordo sobre duas metas de conservação da biodiversidade Madeira ilegal movimenta US$ 100 bilhões por ano Vinte e cinco hospitais, entre eles o Sírio-Libanês, e redes de assistência, como Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Amil, Santa Casa de São Paulo e Pró Saúde aderiram à rede, fundada no mês passado.
Essas instituições se comprometem a cumprir metas sustentáveis. A expectativa é alcançar 700 dos 7 mil hospitais brasileiros em dois anos.
"Nós não certificamos o hospital, o que exige um rigoroso sistema de auditoria. Para entrar na rede, as instituições têm de cumprir ao menos dois dos dez objetivos e assumir o compromisso de forma séria de ampliar a atuação para se tornar um hospital sustentável", afirma o coordenador do conselho consultivo do Projeto Hospitais Saudáveis, Vital Ribeiro.
A proposta da rede é que as instituições - públicas e particulares - troquem experiências e encontrem soluções locais para problemas comuns.
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) será o primeiro hospital federal a ingressar na rede. Entre as metas cumpridas está o banimento de mercúrio. Termômetros e instrumentos para medir pressão que utilizavam o metal pesado foram substituídos por aparelhos digitais.
Outros objetivos foram alcançados: mais de 20 toneladas de lixo foram recicladas em 6 meses, o resíduo biológico, que chegava a 30% do lixo, foi reduzido para 11%, o consumo de energia e água baixou. "Há um esforço mundial para termos hospitais saudáveis e verdes. Para ingressar na rede, precisávamos cumprir dois objetivos; alcançamos quatro", diz o gerente de resíduos de saúde, Robson Monteiro.
Tendência. Cresce no setor de saúde iniciativas de hospitais sustentáveis. Reaproveitamento de água e iluminação natural já são corriqueiros nas novas obras. Mesmo os mais antigos se adaptam. No Hospital São Vicente de Paulo, na zona norte do Rio, erguido no fim dos anos 1970, a solução foi criar tetos verdes, que reduzem a temperatura interna entre 6°C e 8°C. Nas reformas, árvores nativas foram mantidas e incorporadas ao projeto arquitetônico.
Em dezembro, será inaugurado no Rio o primeiro hospital certificado pelo Green Building Council, organização que atesta se prédios são sustentáveis, desde a construção à operação. O Hospital Unimed-Rio, na zona oeste, custou R$ 100 milhões - entre 15% a 20% empregados em materiais e equipamentos com suficiência energética.
"Há uma questão de consciência pela sustentabilidade, mas também uma redução nos custos de operação", afirma Flávio Kelner, sócio diretor da RAF Arquitetura, que desenvolveu projetos de prédios verdes no Rio e em São Paulo.