MMA faz campanha para reforçar a relação entre consumo e meio ambiente, alertando para os danos que o modo de vida da população já causou ao planeta. Alvo são as crianças e os adolescentes.
Letícia Verdi
Como divertir as crianças sem ter que comprar um brinquedo novo ou levá-las a um parque de diversões ou a um shopping? Para muitos pais, trata-se de um dilema. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Instituto Alana, tem dicas para fugir de programas caros para o bolso e para o meio ambiente. A parceira do MMA neste projeto é uma organização sem fins lucrativos que, entre outras atribuições, desenvolve atividades em prol da defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes relacionadas a relações de consumo em geral.
Neste mês de férias,quando as crianças têm mais tempo livre e os pais precisam entretê-las, cabe uma reflexão sobre o tema. O esforço de ambos resultará em um exemplar da série Cadernos de Consumo Sustentável, sobre a importância de proteger a infância dos apelos da publicidade e do consumo de massa, a ser lançado ainda este ano. "A educação deve estar não só nas escolas, também na mídia e nas ruas", afirmou a gerente de projetos da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Fernanda Daltro.
OBESIDADE
Segundo estudos da ONG parceira do MMA, o consumo exacerbado, da forma como está hoje, gera aumento de resíduos no meio ambiente, por um lado, e obesidade infantil, por outro. Além disso, diminui as brincadeiras criativas, leva a uma erotização antes da hora e à "adultização" da infância e incentiva o consumo precoce de álcool e tabaco, o que gera violência e estresse familiar.
Para o MMA, as crianças devem ser orientadas desde pequenas para os valores da sustentabilidade, que representam a preocupação da humanidade com a qualidade de vida no planeta. Os atuais modelos de produção e consumo em massa exaurem os recursos naturais, poluem o ar e água e geram montanhas de lixo.
"Se as crianças aprenderem a consumir de maneira sustentável, serão importantes transformadores sociais", destaca Fernanda Daltro. A publicação também aborda a publicidade dos alimentos direcionados ao público infantil. As propagandas vendem esses alimentos de forma divertida, com personagens de TV estampados nas embalagens, mas pouco ou nada nutritivos, ricos em açúcar, gordura hidrogenada e conservantes.
As embalagens jogadas no lixo geram um acúmulo de plástico que impactam o meio ambiente. Segundo alertam o Instituto Alana e o MMA, não temos garantias de que o brinquedo distribuído junto com o lanche infantil nos fast foods tenha sido produzido com respeito às legislações ambiental e do trabalho.
COMO PROCEDER
- Ocupar espaços públicos como praças e parques: estar ao ar livre, ter espaço para correr livremente, tudo isso é fundamental para a saúde física e mental da criança. Incentiva a socialização e o cuidado pelo bem que é de todos.
- Trocar ao invés de comprar: economiza e desenvolve o senso de comunidade. Um brinquedo que não tem mais graça para uma criança pode ter para outra. Essa atitude gera menos resíduo e gasta menos energia.
- "Ganhou um, doou outro": para cada coisa nova que a criança ganha, ela doa uma que já tenha. As férias são um ótimo momento para fazer uma "limpa" no armário e nas estantes. A semana do aniversário da criança também é uma boa data. Estimula o desapego e o não materialismo, além de educar para a solidariedade.
- Estar em contato com a natureza: tudo no meio natural desperta a curiosidade das crianças, desde o caminho das formigas até o desabrochar de uma flor, as frutas nas árvores, o curso de um rio caindo pela cachoeira. O contato com a natureza é e sempre foi prazeroso e fundamental para o espírito humano.
NÚMEROS
- 4, 5 horas por dia é a média de tempo que as crianças brasileiras passam tempo em frente à televisão. Esse hábito consome energia elétrica, aumenta o sedentarismo e contribui para o consumismo.
- 64% dos anúncios televisivos às vésperas do Dia das Crianças de 2011 eram direcionados às crianças (fontes: Universidade Federal do Espírito Santo e Instituto Alana)
- 15% da população infantil estão obesos, segundo o IBGE. De 1977 para cá, esse percentual dobrou. O motivo: aumento do consumo dos alimentos industrializados, saborosos mas pobres em nutrientes.
- 62% dos adolescentes brasileiros são expostos todos os dias à publicidade de bebidas alcoólicas. Entre 12 e 14, os adolescentes começam a consumir bebidas alcoólicas no Brasil (fonte: Unifesp, 2009)