São Paulo - O curso de Engenharia Florestal, da Escola Superior de Agricultura "Luiz Queiroz" (USP/Esalq), realizou um estudo para avaliar o conhecimento que os profissionais da área tem sobre a madeira - matéria-prima que vem sendo cada vez mais utilizada no setor de construção civil. De acordo com a pesquisa, o conhecimento que os profissionais da área apresentam sobre o produto, proveniente de florestas, parece ser insuficiente quando se trata de questões relacionadas à sustentabilidade. -
A hipótese, levantada no recente estudo, é de que há deficiência em conteúdos técnicos, legais e ambientais. "A confirmação da hipótese contribui para a indicação de espécies inadequadas, para a compra de madeira ilegal e para a insustentabilidade nas cadeias produtivas florestais e da construção civil", sinaliza Adriana Maria Nolasco, professora do Departamento de Ciências Florestais (LCF).
Com o auxílio de Giovana Indiani e Mayra Bonfim, futuras engenheiras florestais, o trabalho avaliou o conteúdo sobre madeira nos cursos de graduação em Engenharia Civil no Estado de São Paulo. Foram identificadas todas as instituições públicas e particulares, que oferecem o curso no estado. Os dados foram coletados a partir da matriz curricular dos cursos e do programa/ementa das disciplinas oferecidas que tratam do tema. Foram realizadas, também, diversas entrevistas com roteiro semi-estruturado, via telefone e Internet.
De acordo com o levantamento, o curso de graduação em Engenharia Civil é oferecido por 53 instituições de ensino, sendo 8 públicas e as demais privadas. A análise dos dados mostrou que o tema madeira é tratado em todos os cursos. No entanto, temas da área técnica são mais abordados que os relacionados à sustentabilidade e legalidade.
Os conteúdos referentes às propriedades, características, anatomia e estrutura da madeira são abordados em 100% dos cursos, com variação na carga horária destinada ao assunto. Na maioria deles, o conteúdo aparece como parte da disciplina Materiais de Construção, com carga horária de até 12 horas. Isso é suficiente, somente, para que o graduando tenha uma noção geral sobre o material, mas não permite que ele adquira conhecimento sobre suas propriedades e espécies de forma a fazer uma correta seleção e especificação de materiais para os diferentes usos. Apenas 40% dos futuros engenheiros civis formados em São Paulo têm contato com disciplinas que abordam certificação florestal e acabamento e preservação da madeira.