As emissões de gases de efeito estufa em áreas urbanas do Brasil representam 23% do total na América Latina. Só o México apresenta porcentual maior, de 30%. As principais emissões em áreas urbanas estão relacionadas com o consumo de combustíveis fósseis, fundamentalmente no setor de transportes.
Na América Latina, a frota de carros dobrou em dez anos. O relatório da ONU-Habitat mostra que, em menos de duas décadas, houve aumento de 18% das emissões per capita de CO2 nas cidades da região.
Para a ONU, serviços de reciclagem, reutilização e aproveitamento de resíduos sólidos são incipientes nesses países. "Um grande número de cidades ainda continua contaminando rios e mares e deixando lixo a céu aberto", disse o representante do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Erik Vittrup. O estudo aponta falhas no acompanhamento desses serviços e a falta de indicadores precisos.
Vittrup, que é dinamarquês, elogiou iniciativas de cidades brasileiras, como o sistema de transporte público de Curitiba, o projeto UPP Social em favelas do Rio, o orçamento participativo em Porto Alegre e a política de atenção às mudanças climáticas em São Paulo. "Os modelos de crescimento das cidades nos anos 1990 e anteriores não se adaptam aos desafios atuais", disse ele. O relatório elogia iniciativas como o resgate de zonas centrais e a criação de ciclovias, mas lamenta que não sejam uma tendência.
Fora do campo. Quase 80% da população da América Latina e do Caribe vive em cidades, proporção superior à do grupo de países mais desenvolvidos. O crescimento demográfico e a urbanização foram muito acelerados no passado recente, mas perderam força. O relatório projeta que a taxa de população urbana chegará a 89% em 2050. O êxodo rural também perdeu peso na maioria dos países da região, e as migrações ocorrem principalmente entre centros urbanos. Metade da população desses países mora em cidades com menos de 500 mil habitantes e 14% nas chamadas megacidades.
O relatório aponta que a consciência na região em relação aos problemas do meio urbano é maior do que no passado, mas avalia que a adoção de "medidas ambiciosas em escala local ainda é incipiente". O estudo teve apoio da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, entre outras entidades. /F.W.