Tabagismo, doenças cardiovasculares e câncer são as maiores causas de mortes em Campinas, segundo um levantamento inédito feito pela Secretaria de Saúde.
O Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) de Campinas lançou nesta quinta um relatório anual das chamadas DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis). Cerca de 63% dos óbitos registrados em Campinas ocorrem por essas doenças como o AVC e as respiratórias.
“O conjunto de DCNT inclui doenças totalmente diferentes entre si, mas que podem ser combatidas com ações comuns contra os fatores de risco como o cigarro, por exemplo”, explicou o médico epidemiologista André Ribas Freitas, do Devisa.
“Em geral, são próprias da sociedade moderna, que tem mais tabagismo, sedentarismo e obesidade, mas que podem ser reduzidos com mudanças de hábitos, como atividade física, controle da hipertensão e do tabagismo”, disse
As DCNTs também são as principais causas de morte no Brasil, de acordo com o documento. A partir dos dados, a secretaria irá elaborar um plano de ação para monitorar os pacientes com essas doenças e ampliar as ações de combate.
Cigarro e outros vícios são combatidos diariamente
O taxista Marcos de Lima fumou por 33 anos seguidos e só largou o cigarro depois que leu um anúncio em um posto de saúde dizendo “pare de fumar fumando”. Hoje, quase quatro anos depois, ele diz que precisou reconhecer a necessidade de ajuda diária para conseguir parar.
“Aquele anúncio me chamou a atenção, antes eu achava que teria que parar de fumar de uma vez e sabia que não conseguiria; depois disso, entrei para o grupo de ajuda no centro de saúde e aos poucos fui conseguindo lidar com o vício, até controlá-lo totalmente”, conta.
Segundo ele, enquanto fumava tinha problemas constantes de respiração e até indícios de impotência. Tudo isso passou com o fim do cigarro. “Eu não pensava que iria morrer por fumar, mas sentia que não tinha saúde alguma. No grupo, eu via outras pessoas com vício maior que o meu tentando parar, foi um estímulo.”
MAIS
Problema maior na faixa de 40 a 50 anos
Em Campinas, o tabagismo e o sobrepeso são maiores na população entre 40 e 59 anos e diminui nas faixas etárias mais jovens. A população com faixa de renda mais baixa tende a ter mais sedentarismo, segundo a pesquisa. De modo geral, a tendência para DCNT é maior em mulheres.
R$ 1,6 milhões em internações de doenças circulatórias em março de 2013
Perfil da cidade orienta ações de combate
O crescimento de Campinas trouxe, além do aumento da violência, um novo perfil de doenças. Com diminuição das infectocontagiosas e da desnutrição, as atenções se voltam para doenças causadas por obesidade, sedentarismo e tabagismo. Regiões da cidade com baixo atendimento em rede de esgoto e condições de moradia ruins também podem propiciar outro conjunto de doenças que demande ações próprias.