http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1127728-em-comboio-bikes-tentam-criar-escudo-anticarro.shtml
Levar uma fina de uma moto apressada, trombar com a porta do carro de um motorista descuidado, ser fechado por um ônibus numa curva perigosa. Os riscos para quem pedala nas ruas de uma cidade como São Paulo são muitos. Mas, em grupo, eles ficam um pouco menores.
Bike fixa vira 'hype' entre paulistanos
Fabio Braga/Folhapress |
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Os organizadores do comboio, Tom Buser (esq.) e Rafael Stucchi |
Foi exatamente para garantir sua segurança que dois ciclistas resolveram organizar um comboio de bikes para ir e voltar do trabalho.
O nome --BikeBus-- traduz bem a ideia: fazer um trajeto predefinido todos os dias, em horários determinados. Como uma linha de ônibus.
A iniciativa já acontece em Sydney (Austrália), West Yorkshire e Kingston (Reino Unido), Toulouse (França) e Orlando (EUA). Em São Paulo, houve uma experiência de um dia, no Dia Mundial Sem Carro, em setembro de 2011, com várias rotas pela cidade.
Agora, a ideia veio para ficar. O trajeto escolhido por Rafael Stucchi, 27, e Tom Buser, 29, organizadores da ação, foi Pinheiros-Vila Olímpia.
Engenheiros civis especializados em trânsito, os dois amigos moram perto e trabalham na mesma empresa. Eles já fazem esse trajeto juntos há cerca de um mês e resolveram chamar mais gente para pedalar. A "linha" está marcada para começar amanhã.
"O comboio inspira mais segurança. Acho que um carro fica mais atento quando vê um grupo de bikes", diz Rafael. "Muita gente não tem coragem de ir sozinha pedalando."
CICLOVIAS
O percurso escolhido não passa por nenhuma ciclovia, ciclofaixa ou ciclorrota da prefeitura. Uma opção seria usar a ciclovia da avenida Faria Lima, mas atualmente ela está em obras.
Portanto, os ciclistas terão que dividir o espaço com os carros. Para o farmacêutico industrial Daniel Carvalho, 34, que vai participar do comboio, estar em grupo é fundamental. "Você fica mais visível e os motoristas respeitam mais."
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cidade tem hoje 182,7 km de vias para ciclistas.
Destas, somente 54,4 km são de ciclovias --as únicas separadas fisicamente do restante do trânsito e de uso exclusivo de bicicletas.
Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo, que organiza o Dia Mundial Sem Carro, afirma que faltam vias do tipo na cidade. "O BikeBus é uma manifestação que chama a atenção para essa necessidade."
Bicicletas Fixas
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Fabio Braga/Folhapress
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O publicitário Renato Sertório, 37, e seu bicicleta fixa, que virou moda em São Paulo
29/07/2012 - 05h01
Bike fixa vira 'hype' entre paulistanos
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1127729-bike-fixa-vira-hype-entre-paulistanos.shtml
A bicicleta não tem marcha, nem freio, nem câmbio, nem nada. Mesmo assim, é o "xodó" de dez entre dez ciclistas que optaram por aposentar a magrela cheia de firulas, e pedalar com ela: a bike fixa.
Em comboio, bikes tentam criar 'escudo anticarro'
Frequentes em centros como Berlim, na Alemanha, e Nova York (EUA), essas bikes começaram a aparecer em São Paulo há cerca três anos.
Elas permitem mais controle ao ciclista, que consegue, por exemplo, pedalar para trás e se equilibrar nos pedais mantendo a bicicleta parada.
São bicicletas com origem nas pistas de ciclismo, onde as necessidades são exatamente controle e simplicidade.
Na Europa, elas chegaram às ruas através dos mensageiros (algo como os office-boys), que usam a bicicleta no trabalho. A vantagem, para eles, era principalmente a pouca manutenção que a fixa exige.
Uma vez nas ruas, essas bikes viraram sinônimo da cultura urbana. Continuam simples, mas foram ficando mais personalizadas, cheias de estilo e, é claro, mais caras. Não se compra uma fixa, monta-se uma, peça por peça.
Com quadro feito sob medida, selim importado e aros e pneus coloridos, uma bike fixa no Brasil custa em média R$ 3.000, de acordo com Pablo Gallardo, dono da loja especializada Tag and Juice, na Vila Madalena. Ele foi um dos primeiros a usar uma dessas no Brasil.
Com os braços cheios de tatuagens, calça jeans, camiseta preta, Pablo traça seu próprio perfil: andava de skate na adolescência, adora grafite e ouve uma música mais "pesada". Essa é um pouco a cara de quem opta por uma fixa.
Os adeptos defendem que pedalar ganha um novo significado com as fixas.
"Com ela, você faz parte da engrenagem da bicicleta. Fica muito mais ligado, amplia sua percepção. Não é um passeio", explica Pablo. (MARIANA DESIDÉRIO E FÁBIO BRAGA)