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Uma estudante de Brasília se tornou catadora voluntária de pontas de cigarro. Em 15 dias, ela recolheu 1,5 mil bitucas.
Muitos incêndios começam com um motivo bem pequeno: as pontas de cigarro. O problema é tão grave que já tem cidade querendo multar os fumantes que jogam seu lixo nas calçadas. A ideia surgiu no interior de São Paulo, mas há também projetos para transformar esse lixo em algo criativo. Em Brasília, uma estudante universitária começou sua experiência recolhendo as pontas de cigarro do próprio campus.
Bombeiros dizem que as nuvens de poluição têm tudo a ver com outra fumaça: a dos cigarros. Muitos incêndios começam por causa de bitucas jogadas na beira de estradas.
“É um ato simples: prestar atenção no que está fazendo, já que tem esse hábito um tanto quanto negativo de acender cigarro, fumar, que está prejudicando a própria saúde, e o ato também automático de jogar para fora da janela do carro”, alertou o ambientalista Luiz Felipe Vitelli.
Como tem ponta de cigarro em lugar errado. “Isso é uma questão de educação pessoal e ambiental porque, além de você manter o ambiente limpo, você mantém o espaço da outra pessoa limpo”, acredita o estudante Bruno Leandro.
Mas adianta pedir para não jogar em qualquer lugar? Quem sabe, então, multar os fumantes? É o que propõe um projeto na Câmara de Vereadores de Sorocaba (SP): R$ 50 de quem for flagrado sujando as ruas.
Já em Votorantim, também no interior paulista, a prefeitura fez uma parceria com uma empresa particular. Foram espalhados mais de 40 coletores. “É besteira jogar no chão”, comenta um jovem.
Já em Brasília, a estudante de gestão ambiental Loyane Soares se tornou catadora voluntária de pontas de cigarro. Em 15 dias, ela recolheu 1,5 mil e criou um projeto que vai limpar a Universidade de Brasília (UnB). Vai ter coleta seletiva de bituca no campus. Lixos específicos para restos de cigarro serão fixados nas paredes da universidade.
Loyane Soares não recebeu um tostão da UnB, mas vai tirar dinheiro do próprio bolso para bancar o projeto. Além das lixeiras para fumantes, vai distribuir porta-bitucas portáteis. “A gente corre atrás por uma boa causa, uma boa ação, e a gente tenta fazer isso para ajudar mesmo não só o meio ambiente, mas também as pessoas com que a gente convive”, conta.
Tudo o que for recolhido será entregue aos professores de artes plásticas da universidade e reciclado, transformado em papel de bituca para álbuns, pastas ou blocos de anotações, sem qualquer cheiro de tabaco.
“Você mostra que realmente o conceito de lixo tem de ser revisto. Se até a bituca pode ser reciclada e ser transformada em um produto nobre, e os demais lixos então?”, questiona a professora Thérèse Hofmann, da Universidade de Brasília (UnB).
A UNB já entrou com um pedido para patentear o processo de reciclagem. Recebe da indústria cigarros que foram produzidos com falhas e da Receita Federal o material apreendido por contrabando.