'Bicicletada Nacional' reuniu ciclistas na Avenida Paulista nesta terça-feira (Foto: Rafael Sampaio/G1)
Cerca de 500 ciclistas, segundo a Polícia Militar, se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para fazer um protesto na noite desta terça-feira (6) contra o atropelamento de três pessoas que estavam em bicicletas em diferentes cidades. Uma das vítimas foi Juliana Dias, morta na principal avenida da capital na última sexta-feira (2).A manifestação, chamada de Bicicletada Nacional, ocorre em pelo menos 25 cidades.
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A Polícia Militar destacou 30 homens, 16 motos e cinco carros de polícia para atuar na operação. Responsável pelo policiamento, o comandante Benedito Del Vecchio afirmou que a manifestação era pacífica.- GALERIA DE FOTOS: Veja imagens do ato
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Os manifestantes saíram por volta das 20h20 da Praça do Ciclista, na Consolação, em direção ao Museu de Arte de São Paulo. No momento da largada, eles ocuparam todas as pistas da Paulista no sentido Paraíso. O protesto seguiu por toda a Avenida e chegou a ultrapassar as ruas Pamplona, Joaquim Eugênio de Lima, e a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio.
Em memória
Os manifestantes passaram pela "ghost bike" colocada em memória à Juliana, na esquina da Rua Pamplona com a Avenida Paulista. Velas foram acesas e flores foram depositadas sobre a bicicleta. Selma Bonbachini, de 58 anos, mãe de uma cicloativista muito amiga de Juliana, chorou após colocar suas flores.
Ativista acende vela em local da "Ghost Bike" em
homenagem à ciclista Juliana Dias
(Foto: Rafael Sampaio/G1)
"Eram frequentes os encontros entre elas", disse Selma. "Quis fazer uma homenagem a Juliana, que eu conhecia. Podia ser a minha filha no acidente", lamentou. Ela disse ter dois filhos cicloativistas - Maíra e Henrique - e ser favorável à causa. Selma espera que São Paulo se torne no futuro "uma cidade preparada para quem anda de bicicleta".homenagem à ciclista Juliana Dias
(Foto: Rafael Sampaio/G1)
A secretária bilíngue Célia de Moraes, de 34 anos, participa das bicicletadas desde 2007. Ela conhecia Juliana . "Ela era ex-namorada do meu melhor amigo", disse Célia, que conhecia a garota havia ao menos um ano. A secretária disse se lembrar de Juliana como uma pessoa alegre, extrovertida, "uma ativista como a gente". "A Julie [apelido de Juliana] vai ficar na nossa memória para sempre, ela poderia estar aqui", ressaltou.
Ela, que mora no Brooklin e trabalha em Pinheiros, faz todos os dias o trajeto de bicicleta. "Prefiro a bike, porque não aguento mais ficar no carro." Célia criticou os motoristas de ônibus pelo desrespeito com os ciclistas. "Tem muito motorista de ônibus despreparado. A SPTrans não fiscaliza direito se eles estão preparados, as empresas de ônibus contratam qualquer um", disse.
A secretária afirmou que o que ocorreu com Juliana não foi um acidente. "Foi culpa de um motorista imprudente e da falta de políticas no trânsito para proteger o ciclista", ressaltou. A manifestação, que estava prevista para acabar por volta de 22h, de acordo com a Polícia Militar, chegou a fechar as duas pistas da Paulista junto à Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, por volta de 21h.
Protestos na Paulista
Logo após o acidente que resultou na morte de Juliana Dias, na sexta-feira, alguns ciclistas chegaram a deitar no meio da pista como forma de protesto. Na noite daquele dia, centenas de pessoas participaram de um outro protesto, desta vez na Praça do Ciclista - próximo à Rua da Consolação.
Integrantes do Pedal Verde, que organizou a ação, plantaram mudas de cerejeira no local, a árvore preferida de Juliana. Com flores nos capacetes e em punho, alguns chorando, os ciclistas desceram do selim e caminharam pela Paulista, sentido Paraíso, empurrando a bicicleta. Ao chegar no ponto em que houve a colisão, a massa de pessoas cruzou a via e bloqueou todas as pistas no sentido Consolação, em uma homenagem que durou mais de uma hora.
Ciclistas realizam manifestação em prol de maior segurança em vias da cidade (Foto: Rafael Sampaio/ G1)