Verdadeira febre na Europa, Estados Unidos e Ásia, pivô de um recente imbroglio legal envolvendo a Lei Seca no Rio de Janeiro, a bicicleta com tração híbrida humana e elétrica ainda é rara em São Paulo.
De acordo com estimativas da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), menos de 2 mil unidades rodam hoje na cidade. “O Rio de Janeiro tem a maior frota do país, com cerca de 5 mil bicicletas que têm motor elétrico”, afirmou o presidente da ABVE, Pietro Erber.
Em 28 de abril, o cinegrafista Marcelo Toscano Bianco teve a sua bicicleta elétrica apreendida em uma blitz da Lei Seca no Rio. Ele recebeu três multas: uma por recusar a fazer o teste do bafômetro, outra pela ausência de habilitação para dirigir ciclomotor e a última por estar sem capacete, totalizando R$ 1.723,86, e 21 pontos na carteira.
A ausência de legislação específica gerou uma polêmica que culminou com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), publicando um decreto no dia 7 de maio regularizando o meio de transporte. Agora no Rio as elétricas são como as bicicletas comuns, desde que conduzidas por maiores de 16 anos e fiquem dentro do limite de velocidade de 20 km/h.
“Na minha opinião qualquer um pode andar de bicicleta elétrica, desde que haja classificação por limite de velocidade”, diz Ricardo De Féo, dono da General Wings, loja que vende alguns dos modelos mais avançados do mercado. Desde 2009 a General Wings vendeu cerca de mil unidades do produto, que hoje é montado em uma fábrica em Sorocaba, a 95 quilômetros da capital, com 70% de peças nacionais.
Segundo De Féo, o mercado está avançando rapidamente no país. Ele comercializa três modelos de bike com motor elétrico, de R$ 3.800 a R$ 4.250. Na última sexta-feira, porém, a loja estava com apenas os modelos do show-room e tinha uma fila de espera com 99 clientes. “Na Europa estão vendendo 6 milhões de unidades por ano e na China esse total chega a 20 milhões”, falou De Féo, que conheceu a bicicleta elétrica enquanto desenvolvia um projeto de carro popular junto a indústria chinesa.
Esgotado /O casal de advogados Ricardo Dias, de 34 anos, e Sílvia Dias, de 29, foi à General Wings comprar duas bicicletas, mas saiu sem as “magrelas”. “Só vão receber nova remessa em julho. Quero a bicicleta elétrica para não chegar suado no escritório”, explicou Dias, que mora no bairro do Morumbi, na Zona Oeste, e trabalha na Vila Olímpia, na Zona Sul.
“Também é uma alternativa para escapar do trânsito”, falou Sílvia, cujo escritório fica no bairro do Socorro, na Zona Sul. “Considero a bicicleta elétrica como uma excelente alternativa de transporte e acho a faixa de R$ 3 mil a R$ 4 mil razoável”, afirmou Dias.