Apoio na gestão de resíduos
Mundo Sustentável

Apoio na gestão de resíduos


  06.07.11

Apoio na gestão de resíduos


Unidade para reciclagem de resíduos da construção e demolição é adquirida pelo IPT para difusão tecnológica


autoria e fonte: http://www.ipt.br/noticia/367-apoio_na_gestao_de_residuos.htm

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas recebeu no mês de maio uma unidade para reciclagem de resíduos de construção e demolição (RCD) de baixo custo com o objetivo de realizar trabalhos de difusão tecnológica em pequenos municípios. A compra do equipamento permitirá ao Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT o uso da ferramenta em projetos de transferência de tecnologia de gestão, no ensino de práticas de controle de qualidade de material e na criação de cartilhas de uso e aplicação dos resíduos.

Dados do censo demográfico do IBGE em 2010 apontam a existência de 4.957 municípios brasileiros com população residente inferior a 50 mil pessoas – o número significa quase 90% do total de cidades (5.565) cobertas pelo levantamento. Pesquisas para o aproveitamento dos resíduos mostraram que o grande gargalo para a reciclagem nas pequenas cidades está no alto custo de aquisição da unidade de processamento, no caso o britador para a fragmentação do material.
Unidade de reciclagem comprada com recursos do projeto de modernização do IPT permite a separação de dois produtos distintos
 

“As principais vantagens da unidade recebida pelo IPT estão em seu custo mais baixo para compra e na economia de energia para operação, já que ela não inclui o britador para a fragmentação do material”, afirma Sérgio Cirelli Ângulo, pesquisador do laboratório. “O britador é o acessório mais caro em uma unidade de reciclagem: sem ele, há uma redução no valor do equipamento de R$ 500 mil para R$ 170 mil, ou seja, uma economia superior a 50%”. A unidade, que foi comprada com recursos do projeto de modernização do Instituto, é formada basicamente por um alimentador com peneira e duas esteiras transportadoras, com uma estrutura retrátil que dispensa o uso de carreta para seu transporte.A compra da unidade vai ao encontro da ideia de mostrar que é mais importante a limpeza e a remoção de materiais secundários dos resíduos – ou seja, o controle de qualidade do material – do que a britagem do material: “A unidade simplesmente ‘peneira’ os resíduos e realiza a classificação dos materiais de acordo com suas dimensões”, completa Ângulo. A triagem dos materiais é uma etapa importante na reciclagem dado o fato de que grande parte dos resíduos de construção e demolição é composta de pelo menos quatro classes de materiais diferentes: concreto e alvenaria; madeiras, aço e plástico; madeira picotada e materiais perigosos, como amianto.INOVAÇÃO - A unidade comprada pelo Instituto é uma ideia conceitual de um projeto desenvolvido pela Escola Politécnica da USP em colaboração com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem-RJ), a Prefeitura de Macaé e a Universidade Federal de Alagoas, além do próprio laboratório do IPT, para o atendimento a pequenos municípios. “Os componentes da unidade são comuns, mas a forma de tratamento e a combinação de características resultaram em uma característica de inovação na gestão de resíduos. Esse é o resultado de um esforço coletivo que tomou este objetivo de difusão aqui no IPT, pelo fato de sermos um local de transferência de tecnologia”, completa Ângulo. Descontaminação do material, critérios para a triagem do RCD e formação de lotes de produção de agregados reciclados serão alguns dos temas apresentados durante os treinamentos às administrações municipais.MULTIUSO – Apesar de a unidade de reciclagem não britar os resíduos, ela oferece uma ampla possibilidade de uso com a separação de dois produtos distintos. Os materiais de grandes dimensões (também conhecidos como “rachões”) podem ser usados na construção civil e em obras de geotecnia, como a composição de gabiões, que são estruturas fabricadas com malhas de fios de aço e preenchidas com pedras para uso na estabilização de taludes e obras; os resíduos de dimensões menores permitem o aproveitamento como material em camadas de base e sub-base de pavimentos flexíveis, em vias com baixo volume de tráfego. Pesquisas desenvolvidas na Poli-USP mostraram que o resíduo de construção peneirado permite a recuperação de 60% do material para uso na pavimentação, e os 40% restantes na geotecnia.A possibilidade de reciclar os resíduos com uma unidade de baixo custo foi comprovada pelo IPT no desenvolvimento do plano de diagnóstico e gerenciamento para reciclagem de RCD em Novo Horizonte, localizada na região noroeste do São Paulo e com uma população de 36 mil habitantes. Pesquisas apontavam a possibilidade de aproveitamento dos resíduos sem o uso do britador e, nos estudos realizados na cidade, as informações foram confirmadas. “Novo Horizonte é uma cidade cercada por estradas de terra. Tínhamos dúvidas se o material obtido por este processo de separação teria capacidade de resistência, porque o pavimento precisa ter uma capacidade de suporte de carga”, explica o pesquisador.Para solucionar as dúvidas sobe a viabilidade do uso dos resíduos na pavimentação, uma série de ensaios foi executada e os resultados obtidos na cidade mostraram que não há diferenças na qualidade do material obtido pelo processo de peneiramento e triagem em comparação àquele por meio da britagem. “A nova unidade adquirida pelo IPT pode auxiliar a resolver problemas do uso de material em estradas de terras e na pavimentação urbana de baixa capacidade de carga em municípios pequenos, entre outras finalidades”, conclui Ângulo. 



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