Associações ambientalistas alertaram hoje para o facto de a sustentabilidade do planeta estar em risco e da crise económica estar a desviar as atenções dos problemas relacionados com a poluição e as alterações climáticas.
Os ambientalistas recordam que os esforços estão concentrados na crise económica e que as questões ambientais são passadas para «segundo plano», o que pode mesmo pôr em causa o sucesso da conferência Rio+20, iniciativa a ter lugar em Junho, no Rio de Janeiro, 20 anos depois da primeira cimeira da Terra.
«Era importante que o ambiente voltasse à ordem do dia, até porque a crise económica é resultado de uma organização da sociedade que não está a funcionar», defendeu o presidente da Quercus, em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia da Terra, que se assinala no domingo.
A sustentabilidade também está no topo das preocupações do secretário de Estado do Ambiente, que aponta como grande desafio para o próximo século, a par da crise financeira e dos conflitos geopolíticos, «a ligação entre a escassez de recursos como fonte de problemas e conflitos e o encarecimento das matérias-primas, da energia, água e alimentação».
«Conseguir um desenvolvimento mais sustentável, uma maior eficiência de recursos, quer queiramos quer não, são problemas com os quais nos vamos confrontar» nos próximos tempos, disse à Lusa Pedro Afonso de Paulo.
Em Portugal, contra a preservação do ambiente, a Quercus refere os «investimentos irresponsáveis em auto-estradas, que nada trazem de novo ao país, em barragens, que destruíram património ambiental, ou em projectos dando ideia de que o interesse económico está acima da lei».
A conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, Rio+20, tem como tema a transição para uma economia verde global no contexto da erradicação da pobreza e de um governo no sentido do equilíbrio entre o bem estar de todos e a preservação da natureza.
Actualmente, as populações já usam recursos naturais equivalentes a um planeta e meio, devido a um consumo «excessivo» e a elevadas emissões de dióxido de carbono, como apontou a organização de conservação da natureza WWF.
«A procura humana de recursos naturais está a atingir níveis nunca vistos, rondando os 50 por cento acima do que a terra pode oferecer» e, a manter-se esta tendência, em 2030 seria necessária uma capacidade produtiva equivalente à de dois planetas para satisfazer a pressão anual sobre os recursos naturais, considerou.
As alterações climáticas, decorrentes de emissões elevadas de gases com efeito de estufa, são um dos pontos que preocupa os ambientalistas e começa a ter a atenção de alguns responsáveis políticos, nomeadamente da União Europeia.
Além de aumentar a frequência de fenómenos extremos, como secas e cheias, as alterações climáticas estão relacionadas com tempestades, subida do nível das águas e redução da função oceânica de poço de carbono.
Um estudo divulgado recentemente estima que, se nada for feito para atenuar as mudanças do clima, o custo anual dos desgastes causados aos oceanos, à pesca e ao turismo poderá ascender a dois biliões de dólares (1,5 biliões de euros) até 2100.
Lusa/SOL