A tragédia que a chuva traz...
Mundo Sustentável

A tragédia que a chuva traz...


A quem podemos culpar, quando o mundo resolve desabar através de chuvas torrenciais que caem sem parar? Como pode o nosso bem maior, a grande responsável pela nossa sobrevivência nesse planeta, ser a grande vilã que tira vidas e assassina tão cruelmente nossa espécie soberana (claro que a espécie soberana nesse caso é a de menor poder aquisitivo...) Quem tem essas respostas, quem deve ser julgado, quem são os condenados?

Mesmo tendo a convicção de que com o passar dos anos e nossa interferência significativamente insana ao meio ambiente, realmente acarretou mudanças climáticas estrondosas e acarretará ainda muitos maiores prejuízos, mas sinceramente desde que existo nesse planeta e, com certeza, desde que não existo, as chuvas tem a mesma força, matam todos os anos inúmeras pessoas, deslocam famílias, fazem outras tantas ficarem desabrigadas, alagam ruas, transformam cidades em rios...

E nada muda, nunca! Nossos políticos continuam no mesma lenga-lenga, deixando imutáveis leis que garantam a eles que não precisem de fato trabalhar, se empenhar, trazer soluções. Eles colocam suas capinhas de chuva horrendas, nos dias de tragédias, e vão aos morros e favelas mostrar preocupação, quando o sol volta a brilhar enfiam-se em seus ternos carísimos e voltam a desviar as verbas destinada a educação, saúde e habitação.

Na minha forma de olhar para esse mundo torto, percebo que chuvas caem e desmoronam encostas há séculos, causando as mortes de outros animais e derrubando árvores, mas como nós somente nos emocionamos quando os jornais televisivos noticiam catástrofes humanas, não há porque divulgar as tragédias que acometem os bichos, principalmente as causadas pelos próprios seres-humanos...

Falar que a culpa é apenas dos governantes também parece justificativa de quem não tem argumentos, nem embasamento nenhum para opinar. Ainda assim listo aqui algumas das culpas que cabem a essa corja abstrata de Brasília, hoje e durante tantas gerações.

- Eles não são culpados porque as águas descem morro abaixo e derrubam casas que matam famílias inteiras. Mas são culpados porque transformam reservas em lixões e permitem que invasões desenfreadas ocupem encostas e morros, como se fosse difícil perceber a construção de barracos infestando áreas verdes, como se essas construções fossem invisíveis a olho nu e de repente quando abrimos os olhos: comunidades inteiras habitam áreas de risco.


- Eles são culpados porque cimentaram o país de cabo a rabo, asfaltaram tudo que estava em nossa frente como se isso representasse progresso, ignorando o simples fato de que pequenos bueiros normalmente entupidos de lixo ( e essa culpa é do cidadão civilizado) seriam ineficientes para desviar a água da chuva que não mais permearia o solo.


- Eles são culpados por não incentivarem pesquisas, nem ações que envolvam o reaproveitamento da água da chuva, em simples domicílios ou em grandes indústrias. Eles são culpados porque associam evolução a tecnologias que gerem apenas dinheiro e não condições eficientes e lógicas para harmonizar nossa vida urbana as intempéries climáticas.

- Eles são culpados porque não buscam alternativas reais e viáveis, mas ficam cometendo os mesmos erros tolos e primários de sempre, realizando obras milionárias, superfaturadas, desnecessárias e mau feitas como se isso fosse resolver todos os problemas do país.


- Eles são culpados porque estão lá para aumentar seu patrimônio pessoal e por esse motivo contratam empresas e profissionais incompetentes e se aliam a milionários corruptos.

- Eles são culpados porque enquanto o Brasil se afunda de norte a sul, eles estão em suas casas grandiosas, protegidos por paredes que não desabam e com a garantia de muito dinheiro desviado depositado em cofres que você nunca vai saber onde estão.


Mas as encostas que estão a desabar também ruirão por debaixo ou por cima de casas com orçamentos milionários, também construídas irregularmente e desta vez podem não morrer as filhas do Zé Ninguém, mas a família do deputado coisa e tal. E desta vez, talvez, o país inteiro não se solidarize com mais uma tragédia.

Se não revolucionarmos este sistema burro e fajuto vamos continuar a pagar o pato. De quatro em quatro anos, um pato diferente com sua nova conta vai chegar.



E que ninguém culpe as águas da chuva, que talvez um dia, sejam a nossa única chance de sobreviver...



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