O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial afirmaram em 14 de junho que a implementação ampla de apenas 16 medidas para reduzir as emissões de carbono preto e ozônio (principalmente os precursores metano e dióxido de carbono) podem dar ao mundo uma chance de limitar a subida da temperatura mundial a 2 graus ou menos.
Estas medidas comprovadas já são usadas em alguns lugares do mundo e beneficiariam imediatamente regiões cobertas por gelo e neve, como o Ártico e as geleiras de montanhas altas, do Himalaia aos Andes à Cordilheira das Cascatas.
Ações imediatas e ambiciosas sobre o dióxido de carbono permanecem sendo a espinha dorsal de qualquer estratégia para limitar a mudança climática a longo prazo. Mas reduzir as emissões dos chamados poluentes de "vida curta", carbono preto e ozônio ao nível do solo, pode fornecer benefícios rápidos ao clima.
Por quê? Porque eles ficam na atmosfera apenas dias ou meses, comparado a cem anos ou mais para o dióxido de carbono. E ao dar ao mundo tempo crítico para implementar reduções de dióxido de carbono, há mais espaço para adaptações às inevitáveis mudanças.
Reduzir fumaça e fuligem também pode ajudar a evitar mudanças irreverssíveis para as quais estamos caminhado aceleradamente. Pensemos como um efeito dominó:
- O derretimento acelerado da camada de gelo da Groenlândia,
- Posteriormente os agressivos resultados climáticos, como a liberação de metano e dióxido de carbono à medida que o gelo permanente derrete,
- O que acelera ainda mais o aquecimento global.
Cortar esses poluentes do ar também garante grandes benefícios à saúde - estes são os poluentes tradicionais que causam asma e doenças do coração e matam milhões ao redor do mundo, um flagelo para cidades grandes como Los Angeles, Mumbai e a Cidade do México, com cobertores de poluição.
A boa notícia é que algumas cidades e países ao redor do mundo já estão implementando essas 16 medidas, melhorando a saúde de seu povo enquanto ajudam a resfriar o planeta. Por exemplo, da Califórnia ao Chile e de Pequim a Berlim, programas bem-sucedidos estão em vigor para reduzir as emissões de carbono preto, ao obrigar veículos e máquinas a diesel a terem filtros de partículas. O problema é que o número de pessoas tomando estas medidas não é o bastante.
Em muitos países em desenvolvimento, fogões tradicionais para fazer tijolos e cozinhar são importantes fontes de poluição do ar, incluindo carbono preto. Fornos aprimorados, um programa no México, mostraram que as emissões de partículas e poluição podem ser reduzidas em 80%.
Fogões eficientes para cozinhar podem reduzir as emissões de carbono preto e o número das estimadas 1,9 milhão de mortes prematuras anualmente causadas pela poluição do ar dentro de casa, principalmente vinda de fogões tradicionais.
Não apenas a tecnologia para reduzir dramaticamente a fumaça está disponível, mas ela pode gerar lucros. A Índia, a Indonésia e outros lugares estão capturando emissões de metano vindas das perfurações de petróleo e as utilizando como nova e lucrativa fonte de combustível.Minas de carvão na Alemanha, na China e na Índia estão capturando o metano (gás natural) e o usando para abastecer usinas.
Aterros em todo mundo estão capturando o metano como fonte de combustível. Monterrey, no México, abastece seu metrô e luzes da cidade com biogás de aterro. Similarmente, cidades da Bolívia a Blue Lake, Minnesota, estão recuperando metano de estações de tratamento de água, usando-o para subsituir o gás natural em suas operações. A estação em Blue Lake estima que pode economizar mais de US$ 750 mil em energia a cada ano capturando o biogás da água. Mas é preciso mais.
Reduzindo fuligem e fumaça, podemos não apenas salvar vidas, mas também resfriar o planeta e frear o derretimento do Ártico e a subida do nível do mar. Temos a tecnologia e os exemplos de implementação bem-sucedida nos EUA e no mundo. Precisamos agora de implementação bem mais ampla para obter estes benefícios, o que exigirá vontade política e recursos financeiros. A hora de agir é agora e o custa da inação é incalculável.
* Erika Rosenthal é advogada de programas internacionais da Earthjustice. Escreveu um capítulo de um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial sobre o papel do carbono preto e da fumaça nas mudanças climáticas.